TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

versos que caem do além

O meu coração foi esmagado
por um moedor de cana.

Agora quem quiser garapa
terá de beber meu sangue.

As vampiras da minha rua
adoram a notícia.

Fazem fila.

Cada uma elegantérrima
com um canequinho de alumínio na mão.

" Seu moço, quanto custa
tua solidão tão doce?"

"Até a borda
sem gelo
é de graça,
madame."

Responde o torpe ambulante.

2 comentários:

nina rizzi disse...

uau, adorei esse poema, de um lirismo cruel e pungente... quem é o autor?

um cheiro.

Domingos Barroso disse...

Eu próprio escrevi,
agora quem me assoprou aos ouvidos
um fantasminha insone que vive
a me perseguir
faz tempo...

nina rizzi,
carinhoso abraço.