Mais uma lua sozinho.
Meu cupido é caolho.
Sua flecha nunca acerta
o coração da amada no alvo.
Sempre lhe arranha o ombro,
corta-lhe a orelha,
arranca-lhe o brinco.
A amada nem sente
já passou o transe.
Mais uma noite aprisionado
às paredes e ao teto.
O coração apenas um detalhe
diante da graça do silêncio.
Na próxima aventura,
roubo a flecha do cupido
aprumo o olho na haste
em linha reta.
Atiro sem piedade.
Verei sangue,
muito sangue,
do coração da mulher.
Quero todo o sangue do mês.
Todo o sangue da eternidade.
Dançaremos enlouquecidos,
abençoados
eu, a musa (terrena)
até o cupido (pelo que vejo)
caolho também manco.
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