Enquanto da varanda do apartamento
tu pensas em comprar um carro
as estrelas acima da tua cabeça
suplicam-te uma olhadela
nunca mais admiraste as estrelas
só porque, Pã, ganhaste de presente
outra flauta mágica
olha pra elas,
olha pra elas
Pã, falta de atenção
para com as meninas do alto
que brilham, brilham, apesar de mortas.
Ninguém precisa saber da ausência longínqua.
Se o brilho encanta, larga da tua nova flauta
olha pra elas,
olha pra elas
Pã, não sejas boçal, incrédulo, indiferente
às mocinhas do céu que brilham, brilham, apesar de loucas.
Ninguém, nem deuses nem semideuses, precisam conhecer
a verdadeira fábula das estrelas acima da tua cabeça.
Se o encanto cintila,
esquece dos teus sonhos materiais.
Olha, Pã, só uma olhadela para cima
e vê como brilham, brilham
as maçãs da tua vida.
Sobretudo as mais distantes
que te causam miopia.
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