TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Caboclo de Asas: Lentes

Caboclo de Asas: Lentes:


Lentes

Depois de tanto, tempo
Observando seu rosto,
Vi que algo estava diferente
Não era o olhar, impreciso
Nem a boca sorridente
Talvez a estabilidade dos sonhos
De cara, imaginei, estranhamente:
-Quem é essa que aqui está?
Que corpo é esse em minha frente?
Essa alma também mudou de cor...
A luz nela refratada é diferente
A sua voz também mudou ao que parece
Ouço, vejo, firmeza e segurança é o que se sente
Poderia ser óbvio, a idade, a experiência
A própria distancia, a estrada, tantos sentimentos
As paixões, os amores, quem sabe

Mas, tinha a certeza que algo mais profundo e inesperado
Era o que havia me surpreendido, arrebatado, simplesmente

Vi que realmente ela estava diferente
Mas esse não era o caso pertinente
Porque no fundo, ela sempre fora isso em minha mente
Então percebi! A situação é que eu também havia mudado
Agora, outros ângulos e dimensões e culturas, me eram lentes
A questão não era ela, é que eu também havia mudado. Sim...
E meu olhar estava diferente.

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