Desde a Rio 92 que o mundo fala em desenvolvimento
sustentável. Nas atuais eleições o Programa do Candidato Eduardo Campos será
feito a partir de Diretrizes com acentuada visão da Sustentabilidade. É tanto
que na introdução do documento está dito: “construir
as bases para um ciclo duradouro de desenvolvimento sustentável, com ampla
participação de todos os atores na promoção do progresso socialmente justo,
ambientalmente sustentável e libertador das potencialidades criativas da
humanidade.”
Um programa de governo com estas características se contraditará
com as diretrizes de negócio de muitas empresas que surfam na obsolescência
programa, especialmente a de equipamentos eletroeletrônicos. Pesquisa do Instituto
Market Analysis junto com o Instituto de Defesa do Consumidor demonstra uma
ação deliberada da indústria tanto para programar a obsolescência quanto para psicologicamente
motivar o consumidor a aceitar tal desperdício.
Acontece que esta prática de negócio é altamente danosa ao
meio ambiente tanto como geradora de lixo tóxico quanto pelo consumo de
recursos naturais. E tem muito mais abaixo desta motivação. Isso mexe no
próprio “espírito criativo” do capitalismo e com a aceitação desse modelo
iníquo de desenvolvimento que hoje avassala inclusive o desenvolvimento do
países da América Latina.
A pesquisa demonstra claramente o quanto a prática de
negócio é indutora de alienação social e se compõe como na essência do atual
modelo de progresso capitalista, orientado por um núcleo concentrado de empresas,
a maioria das quais são bancos. O mundo se move como uma boiada tangida pela
ganância do lucro rápido. E este lucro é subtraído da natureza finita e da
desgraça de bilhões de pessoas.
Os consumidores brasileiros já estão num estágio de
alienação tal que consideram a obsolescência como algo natural e descartam
equipamentos que ainda funcionam por modelos que nem sempre são tão inovadores.
O essencial é que a troca é feita por motivos da moda e pela incorporação de
novas funções, num processo que mexe com a estabilidade emocional das pessoas
que busca, na troca, uma mudança de status simbólico.
Os consumidores não se ligam no dano ambiental e não
consideram as perdas econômicas, sociais e culturais com as constantes trocas
que subtraem alternativas de vida com tais perdas. É tanto que na pesquisa fica
claro que eles percebem o jogo da indústria que impõem a obsolescência, têm
consciência que a vida útil ideal poderia ser superior à real.
Os consumidores não apenas sabem que são enganados mas
aceitam este jogo. Aí vem o grau de alienação que é certamente psicologicamente
manipulada pela propaganda e marketing em suas várias modalidades incluindo as
manifestações culturais com um rasgado merchandising. Isso já é conhecido com o
cigarro e com as bebidas.
Fábian Echegaray no blog Livre Pensar conclui sua análise
sobre esta pesquisa assim: “Uma sociedade
com clientes vorazmente abraçando o descarte de produtos quando ainda estão
funcionando, fabricantes que programam vida útil encurtada nos aparelhos que
produzem, agências de publicidade faturando com o pavor à obsolescência
psicológica dos consumidores e governos omissos aos efeitos de semelhantes
práticas só podem nos colocar na contramão da sustentabilidade.”
A diretriz de um desenvolvimento sustentável é mais que
economia verde, é algo além do modelo de negócio do atual estágio do
capitalismo globalizado. É este o enfrentamento que o PSB e a Frente vão encontrar
no seu caminhar político. E tal enfrentamento é preciso ser feito com a união
dos brasileiros, inclusive para vencer as barreiras da alienação consumista.
Não é fácil, mas necessário.
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