Manuel Audaz - Fernando Brant e Toninho Horta - canta Jane Duboc
Esta pluma que as correntezas levam. Pelas montanhas de Minas.
Curvando pelas estradas labirínticas destes cortes de passagem entre morros. E
vamos audaz numa ânsia infinita por novas porteiras. As vacas pastando nas encostas
como se estivessem coladas a elas.
Uma beira de cerca. Um velho jirau onde os bules de leite
foram deixados pelos caminhões afluentes das cooperativas. Pedaços de chão
rachado pelas águas das chuvas. Um capim fora do cercado. O cupim criando
morrotes como pequenos bolos de barro na paisagem.
E audaz, este jipe vai fundo no nível mais baixo dos vales,
ciranda a beirada dos riachos, pula nos buracos da rodagem, veloz ao encontro
do requeijão mineiro. Uma broa de milho. Um café da tarde, uma conversa
temperada a silêncios, uma varanda para olhar o mundo se escarafunchando lá nas
coisas que acontecem.
E risca com seu rangido de molas enferrujadas bem no
terreiro da casa. Os bichos se espantam. O cão late, a vaca responde, o pavão
ecoa, e lá os de casa vão apertar as mãos dos viajantes que descem do Manoel
Audaz. Uma cachaça de rolha para esquenta a satisfação da boa chegada.
E afinal a que tanta viagem neste passo audaz. Velha amiga
eu volto a nossa casa. Já não a encontro sempre pronta. Os corredores
emudeceram. As fotografias amarelaram. Os quartos estão vazio. E tu não te
encontras ao pé do fogão.
O fogão é só continente. Nem mais um resto do pó das cinzas
dá última vez que gerou trabalho.
Velha amiga eu volto à nossa casa.
Diana - Fernando Brant e Toninho Horta - canta Boca Livre
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