E por falar em cultura. Não esqueço minhas origens, mas
nelas se fixam a grande música do Rio de Janeiro. Mais especificamente da
cidade do Rio de Janeiro. Entre as quais, não a única, mais pelo tema da
postagem, se encontra a Bossa Nova.
Há mais de quarenta anos de Rio de Janeiro, vivendo na Zona
Sul, e ainda não tinha ido até o Beco das Garrafas, até mesmo por curiosidade.
Quando aqui cheguei a Bossa já não atraia tanta gente aos seus locais de
expressão. O Beco ainda existia, mas já não fazia público. O espetáculo estava
em outros locais.
O Beco das Garrafas, para acrescentar alguma informação, é
um espaço entre prédios na Rua Duvivier em Copacabana. De um lado fica um
grande edifício e do outro havia algo em torno de quatro bares que se
transformaram em boates. Para completar: na região dos postos 1 e 2 era um
perímetro pleno de boates, night club, restaurantes e inferninhos.
O pessoal ficava nos bares até tarde. Tocando e cantando e
falando alto. O pessoal dos prédios, querendo dormir, jogava garrafas em
protesto. Daí veio o nome do beco. Ali onde as garrafas se estilhaçavam, outras
garrafas foram sopradas sobre a forma de pistas e palco. O palco da Bossa Nova.
Todos os grandes nomes passaram naquelas boates. Todas bem
pequenas. Era o espaço exíguo e contíguo da música e dos músicos, dos músicos e
dos ouvintes. Na verdade em menos de 100 metros de rua, existiam três casas
noturnas: Little Club, Bacará e Bottles.
No Littles Club, Dolores Duran estreou e ali se tornou um
grande e curto sucesso. Nas boates do Beco, Miele e Ronaldo Bôscoli produziram
pequenos shows que os projetaram nacionalmente. Além de Dolores Duran, passaram
pelas boates do Beco das Garrafas a Elis Regina, Nara Leão, Sylvinha Telles, Claudette
Soares, Jorge Ben, Marisa Gata Mansa, Doris Monteiro, Wilson Simonal, Alaíde
Costa, Pery Ribeiro, Leny Andrade, Sérgio Mendes, Baden Powell, Airto Moreira,
Johnny Alf, Hélcio Milito, Chico Batera, Wilson das Neves, Durval Ferreira, Dom
Um Romão, Paulo Moura, Trio Bossa Três composto por Luiz Carlos Vinhas, Edson
Machado e Tião Neto.
Agora, retornando ao presente. Há uma semana, domingo que
passou, 25 de janeiro de 2015, atiramos no escuro e acertamos no alvo. Isso
pelo impulso guardado que precisava se realizar. A filha de Durval Ferreira,
nascida, criada e com talento musical viveu e vive no centro dos músicos
cariocas do estilo instrumental, bossa nova, samba canção e da geração MPB.
Juntou-se a outros e reabriram o Bottles Bar e mais a
Bacará. E todos os dias da semana, sem folga, tem algo acontecendo no palco das
duas pequenas boates. Tem de tudo, de chorinho ao instrumental brasileiro de
linhagem jazzística. À Bossa Nova, ao clássico da MPB, samba e por aí vai. Mas
tudo é Brasil. Pode ter influência, mas é Brasil.
E por que acertamos no Alvo? Era noite comemorativa da Bossa
Nova. A Amanda Braga (filha do Durval
Ferreira) e a Bottles, atraiu uma grei de músicos mais jovens e da melhor
estirpe. E junto a eles quatro clássicos: Leny Andrade, João Donato, o Billynho
(filho do Billy Blanco) e o Márcio Lott.
O resto fica para amanhã. Tem algumas fotos. Imagens
em movimento de qualidade amadora. E mais narrativa da noite.
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