MAIS ATUAL QUE NUNCA – José Nilton Mariano Saraiva
Pela atualidade, trazemos de volta artigo de nossa lavra
publicado após a acachapante derrota da seleção brasileira de futebol ante a
seleção alemã (7x1), quando da Copa do Mundo realizada no Brasil em 2014. E o
fazemos porque estamos a incorrer no mesmo erro. E isso todos sabemos onde nos
levará. Portanto, segue o texto, publicado quatro anos atrás.
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A “PRESENÇA” da “AUSÊNCIA” – José Nílton Mariano Saraiva
Claro que, em razão da Copa do Mundo de 2014 ter se realizado NO”
Brasil, tinha que ser “DO” Brasil, principalmente em razão do nosso
“pedigree” na matéria.
Claro que, mesmo e apesar das limitações do nosso time, num
jogo normal e incentivados por uma torcida numerosa e vibrante, tínhamos, sim,
absoluta e plena condição de bater a seleção da Alemanha e seguir em frente.
Claro que, tal não aconteceu em razão da escolha de uma
opção tática pra lá de equivocada da nossa experimentada comissão técnica (que,
sabe-se agora, lamentavelmente não envelheceu só biologicamente) e pisou feio
na bola (e isso em plena semifinal de uma Copa do Mundo) já que oferecendo “de
bandeja” o meio campo aos alemães, onde eles sempre são mais fortes e trafegam
com extrema facilidade.
Claro que, ao contrário dos alemães (como era previsível)
quem tremeu foram alguns dos nossos (Fernandinho e Bernard, por exemplo) e isso
comprometeu o desempenho do time como um todo.
Claro que, um placar desmoralizante e imoral desses (7 x 1)
é algo improvável e atípico em um jogo de duas seleções poderosas,
principalmente em uma disputa de Copa do Mundo e dificilmente (ou jamais)
repetir-se-á (mas será lembrado, ad eternum, exatamente pela atipicidade).
Enfim, foi uma partida desastrada, surreal mesmo, tanto que
os próprios alemães (demonstrando um “respeitoso constrangimento”), se
abstiveram de comemorar como mereciam (e trataram de enfatizar isso, pós-jogo),
porquanto claramente diminuíram o ritmo durante o segundo tempo (poderiam, sim,
ter feito 10 ou mais gols, se continuassem com o mesmo vigor, tal a pasmaceira
que tomou de conta dos nossos jogadores e seu “comando-caduco”).
No mais (e nisso parece ser proibido falar), tivemos também
a derrota da mídia esportiva brasileira. É que, antes de se preocupar com os
adversários do Brasil propriamente, a atenção maior foi, antes e durante a Copa
(e até agora, após) tentar incutir da mente dos torcedores que a seleção tinha
um novo “LÍDER” capaz de guiá-la ao “olimpo”, levá-la aos píncaros da glória,
guindá-la ao panteão dos heróis imortais: o tal Neimar (cai-cai) que é apenas
um bom jogador e não esse fenômeno que propagam.
Ora, amigos, “LIDERANÇA” não se encontra disponível nas
prateleiras das bodegas do interior desse Brasilzão, nas gôndolas dos grandes
supermercados das capitais ou nas bancas das feiras livres da periferia;
“LIDERANÇA” não se compra, não se impõe, não se transfere e nem se atribui via
decreto, bilhete, norma, portaria ou coisa que o valha. “LIDERANÇA” é algo de
berço, natural, carismática, única, personalíssima. E disso o tal Neimar é desprovido,
do dedão do pé à cabeleira moicana-tingida.
Assim, nada mais hipócrita que a recorrente imagem da TV
mostrando no túnel de acesso ao gramado o tal Neimar abraçando um a
um os colegas, antes de cada partida, ao tempo em que o narrador global, empostando
a voz, destacava sua forte “LIDERANÇA” ante os demais; nada mais cafona do que
a imagem dos jogadores entrando em campo para uma semifinal de Copa do Mundo
usando “bonés” personalizados, saudando o tal Neimar (fora do jogo, por
contusão); nada mais ridículo que exibir, durante o canto do Hino Nacional, a
camisa do tal Neimar, como se fora ele um “herói” já falecido, a quem todos
devêssemos reverência (passa longe disso).
E talvez por isso mesmo, por se preocuparem demasiadamente
com um “AUSENTE”, foi que os jogadores da seleção brasileira literalmente não
se fizeram “PRESENTE” no jogo decisivo. Burra e irrestrita solidariedade.
Ainda por cima, nada mais inapropriado e extemporâneo que, a
posteriori, trazê-lo de volta da boa vida que desfrutava na praia (para a
concentração), depois de tê-lo dispensado (já que contundido), objetivando
“LIDERAR” os colegas na batalha pelo terceiro lugar do torneio (aí, a emenda
saiu pior que o soneto, porquanto o “distinto” se sentiu à vontade para, do
banco, desrespeitosamente “assumir” o lugar do Felipão, no tocante à orientação
dos que estavam em campo (e você já parou pra pensar num time “orientado” pelo
tal Neimar ???). Deu no que deu.
Vida que segue.
A lamentar, que a menininha que “...não tava nem na barriga
da minha mãe quando o Brasil foi campeão”, vá ter que esperar por um pouco mais
de tempo pra ver isso (o Brasil ser campeão). Ou, quem sabe, seja a sua futura
filha que terá o privilégio de).
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