(texto publicado há quatro anos atrás; mas, mais atual que nunca).
O “SERESTEIRO” DO PLANALTO – José Nílton Mariano Saraiva
Como
ninguém é de ferro, em determinadas ocasiões o então Presidente da República,
Lula da Silva, reunia nos fins de semana alguns membros do governo, na Granja
do Torto (uma das residências oficiais do Presidente da República), a fim de
confraternizar e jogar conversa fora.
Evidentemente,
predominava a informalidade (nada de agenda, assuntos sérios, paletó, gravata e
por aí vai), até porque o objetivo era esquecer por algumas horas os grandes
problemas da nação, a pressão diuturna e se reoxigenar para a batalha da semana
seguinte.
Alguns
dos frequentadores, entretanto, intimamente miravam mais à frente, porquanto já
se falava abertamente, àquela altura, sobre a sucessão presidencial, vez que
Lula da Silva se achava impossibilitado de concorrer mais uma vez (já houvera
sido reeleito). E isso, claro, mexia com o ego e a vaidade de uns, que sonhavam
ostentar o “passaporte” homologatório da candidatura sucessória das mãos do
todo-poderoso “chefe”.
Para
tentar viabilizar-se como tal (candidato indicado pelo presidente, sim,
senhor), alguns fugiam do lugar-comum e adotavam a heterodoxia plena,
naturalmente partindo do pressuposto de que “não importam os meios empregados,
conquanto o objeto de desejo seja alcançado” (nem que tivessem que se expor ao
ridículo e à chacota de muitos, no decurso da engenharia política afeta).
Um dos
frequentadores assíduos de tais noitadas, Ciro Gomes (um megalomaníaco que se
julgava uma espécie de “messias”) bolou um jeito todo peculiar de se achegar ao
“chefe” e agradá-lo mais que todos, na perspectiva de ser o escolhido.
Assim é
que, sabedor da preferência musical do “chefe”, deu um jeito de colocar no “cardápio-noturno”,
da Ganja do Torto, o “momento musical”. E aí, em plena madrugada do cerrado do
planalto central, ecoava a sofrível voz do “seresteiro do planalto”, tanto
melosa quanto interesseira.
O resto
todo mundo já sabe: Lula da Silva não se deixou levar pelo “puxa-saquismo”
desenfreado do dito-cujo, preferindo privilegiar a ministra Dilma Rousseff para
concorrer (com sucesso), à sua sucessão.
Cartas
postas à mesa, Ciro Gomes, preterido e sentindo-se injustiçado, procurou as
televisões para, em horário nobre, afirmar em alto e bom som que entre a
candidata de Lula da Silva e a de José Serra (seu arqui-inimigo declarado),
este seria muito mais preparado, porquanto, como ele, Ciro Gomes, já houvera
sido governador, ministro e tal, enquanto Dilma Rousseff não tinha nenhum
atrativo em seu currículo.
Foi então
que, orientada pelo mentor, Lula da Silva, a candidata a presidente
ofereceu-lhe uma simples “coordenação de campanha”, no Nordeste. Foi o
suficiente e bastante para emudecê-lo de vez. Tanto é que trocou de novo de
posição: voltou com mala, cuia e bagagens para a candidatura Dilma Rousseff.
Portanto,
agora, que Ciro Gomes volta a concorrer à Presidência da República, as
indagações a serem feitas, são: um cara desses, sem qualquer consistência
programático-ideológica, é confiável ???
Um cara desses, tão verdadeiro quanto uma nota de 3 reais, merece alguma
credibilidade ??? Um cara desses, que já transitou por siglas partidárias às
mais disformes (sete, até aqui, dependendo das conveniências do próprio),
merece seu voto ???
Pense
nisso !!!
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