TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 27 de outubro de 2007

Nego e suas fantásticas esculturas em terra

Geraldo Simplício, conhecido como Nego, nasceu no Cariri cearense, precisamente na cidade de Aurora, em 24 de fevereiro de 1943.


Sua primeira exposição foi realizada no Crato, em 1966. Em 1967, expôs na capital do Estado, Fortaleza, e, em 1968, em Recife. Depois, como quase todo o artista nordestino nas décadas de 60 e 70, migrou para o Rio de Janeiro. Na antiga capital do Brasil, morou no Mosteiro de São Bento, onde foi descoberto como escultor por Cecília Falk, quando expunha na Galeria Escada. Na época, além de desenhos, Nego fazia escultura em madeira.


Com o apoio Cecília Falk, mudou-se para Nova Friburgo em 1969. Grande parte de suas esculturas em madeira está na Alemanha. Vive hoje em um sítio em Nova Friburgo, conhecido como Jardim do Nego. O local, pode-se dizer, é único do gênero no mundo, devido as gicantêscas esculturas feitas nos barrancos de terra, constituindo verdadeiras e inenarráveis obras de arte. Nego transformou o lugar onde mora em uma grande galeria ao ar livre. Nos barrancos, estão esculpidos imagens de animais, de uma família de retirantes nordestinos e um presépio de seis metros de altura.

2 comentários:

José do Vale Pinheiro Feitosa disse...

Rafael: o Nêgo morou no Crato no meu tempo de Científico. O conheci se hospedando na Casa do Estudante e com umas esculturas que faziam diferença daquelas que nos acostumáramos. A temática era mais variada, a composição também e os detalhes de rosto, maõs eram muito mais avançados. Aliás este é um dos problemas da nossa arte, o acabamento, o detalhe e a repetição temática. Pois bem depois encontrei o Nêgo aqui em Friburgo, um tio morava lá e sempre que podia estava na cidade. Estive várias vezes no sítio dele e o que menos vale na visita não é o que imagina a mente turística: a curiosidade das esculturas no morro em volta. O valor é a própria obra de arte, a temática, a composição, a expressão retirada de sua própria estética (se podemos individualizar a estética assim). A estética de Nêgo mistura seu passado nordestino, com a mística globalizada, por vezes hindu, oriental no ocidente, mas essencialmente a religiosidade mágica como que os fatos acontecem e as pessoas se realizam. Me alonguei muito no comentário, pois meu desejo era peguntar a você sobre uns rasgos de conversa que tive com os artesãos do Mestre Noza em Juazeiro. Por elas tomei conhecimento de alguns escultores da região de Ingazeiras, um dos quais tenho duas esculturas muito diferentes do que comum aí, assinada por JLF. Há também da região algum irmão ou primo do Nêgo fazendo bons trabalhos. Pois bem, em Ingazeiras há uma distinção de fato? Se há como explicá-la? Algum padre italiano andou por lá disseminando técnicas de escultura?

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

Me lembro do Nego dessa época. Depois, só numa reportagem para o "Fantástico" nos anos 90. É uma arte única e que impressiona.