Essa voz no trem -- em Pinheiros passaria --
foi certa tristeza,
içada dos bancos por uma adriça
no meu bolso
E se olhos tivesse choraria
pela música nessa voz
e a tristeza de fininho
que do lado dessa voz
passava a passeio no adro
de um templo que o trem não era
Sexta-feira no trem
bagagem humana de silêncio
a voz resistente, sopro adriático
na cara escura que tinha o trem todo
E saber-me ali um que não sou,
minha roupa roxa e rota
a tristeza bordada a essa voz,
em cada pessoa de ouvido colado nessa voz
O trem seguia a bordo de mim,
e já vinha a ponte, a voz baixinho,
a ponte iluminada no poente para trás
A voz nos galpões vazios da cabeça.
Começo e recomeço:
“toda sexta-feira todo o mundo é baiano junto”
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