Esqueço da palavra
quando me arrebato.
Carne nova entre os dentes da frente
encanta o coração invernoso.
Mora um ancião doido no alforge da minha corcunda.
Pulo as calçadas empoçadas,
e vovô treme. Sussurra -
"até quando essa apatia, Nhô, Nhô?"
Compro os pães desejando um veneno especial.
Olho para a menina do caixa e penso como esquentar seu banquinho.
A minha cadeira é giratória.
Basta um impulso:
gavetinha da cômoda antiga.
Eis o mingau.
Quente.
Enlouqueçam,
enlouqueçam somente hoje que chove!
Senti subir pelas narinas
um cheirinho de chifre de boi
queimado.
As cobras do terreiro se afastam.
É verdade, as cobras fogem e se escondem.
O terreiro fica só pros grilos e sapos.
Quando o chifre de boi consumido,
sequer um fio de fumaça -
retornam as cobras criadas no escuro.
Então é hora dos caçulas para a cama.
Mamarem em peito de cobra dormida.
Enlouqueçam.
Mas não façam amizade com as lágrimas.
As lágrimas são viúvas.
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