TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 23 de março de 2009

Siameses

Preciso deste meu corpo cansado.
Destes olhos sem dono.

Quando nasci com a bunda virada para a lua
houve um eclipse.

Tenho tanto sorte com meus fantasmas -
morrem todos assustados com a própria sombra.

Coragem é para os altivos lunáticos.
Confiança é para os sábios magricelas.

Se eu jogar meu mundo para o alto
despencará um saco cheio de oitis verdes.

Sinto náuseas só em pensar
o azedume na língua.

Matava minha fome mesmo
com o barro das paredes.

E a lombriga solitária tão vistosa
engordava minha alma.

De vez em quando ela punha o olho para fora.
Eu via o brilho do seu olhar pelo reflexo no alumínio.

Um penico de alumínio -
meu primeiro Oráculo.

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