TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 18 de abril de 2009

Afazeres

Lavar os pratos.
O que me resta.

Espremer os olhinhos da esponja
e admirar os suspiros coloridos.

Um a um.
Pratos, colheres, garfos, xícaras.
E uma gordurosa frigideira -
meu asco.

Depois o banheiro.
Escovar os azulejos encardidos.
Suplicar aos deuses que brilhem
as rachaduras abstratas.

Por último,
tirar água do quarto.

Um lago.

Se amanhã chover eu mato o pedreiro.

O rodo atrás da porta.
Um golpe certeiro na nuca.

Um comentário:

socorro moreira disse...

Esses afazeres deixam a casa habitável , e o troco é a tua poesia !

Que nada disso te falta , na lida dos teus dias !


Abraços.