TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

DILMA-LÁ - José Nilton Mariano Saraiva

Definitivamente, o século XXI se nos apresenta como um marco divisor da mudança de costumes e atitudes por parte dos mais diferentes povos do planeta Terra.
Na Ásia, por exemplo, a China optou por "esquecer" os jurássicos ensinamentos de Mao-Tse-Tung e aderiu com força ao capitalismo, até mesmo porque viu-se necessitada em gerar emprego para a “maior população do mundo”, daí o “rolo compressor” oriental a devastar a economia mundial, em razão dos preços ultra-competitivos.
Na Europa, Grécia e Turquia vão a pique, colocando em risco e desestabilizando a economia de todo o continente (e a “coisa” ainda não terminou); na África, a Índia toma assento como uma das potencias emergentes do mundo, enquanto o Oriente Médio assusta e se transforma num autentico barril de pólvora, a explodir a qualquer instante.
No norte da América, algo impensável dez anos atrás virou uma realidade: pela primeira vez na história os Estados Unidos da América (o berço do racismo) e ainda uma das maiores potencias do mundo (embora em decadência), um negro (e sua belíssima esposa) é guindado pelo seu povo à Presidência da nação. Democraticamente, assume, sem qualquer atropelo.
Finalmente, ao sul da América, numa terra conhecida por Brasil, com 190 milhões de habitantes, num primeiro momento sua população, através do voto, delega o destino da nação a um simplório metalúrgico, sem maior conhecimento formal, em razão do rotundo fracasso de um pós graduado em Sorbonne; eis que, devido à aguçada sensibilidade social, esse trabalhador-braçal é reeleito para mais 4 anos.
E, enfim, a suprema ousadia: depois de oito anos de mandato, quando o país experimentou indiscutíveis melhoras e o seu povo passou a viver com dignidade, o “analfabeto”, escudado na aprovação de impressionantes 96% da população (ótimo, bom e regular), resolveu ousar mais, desafiar os teóricos de prancheta e lança uma mulher para sucedê-lo: Dilma Rousseff, ex-guerrilheira, presa e torturada pela ditadura, que nunca antes houvera se candidatado sequer a vereadora.
Hoje, com 12.041.141 votos de maioria sobre o seu oponente (comparativamente, algo como 103 vezes a população do Crato), Dilma Russeff, para assombro de todo o mundo, se torna a primeira mulher Presidente da República do Brasil. Na computação total dos “votos válidos”, originários das planilhas do Tribunal Superior Eleitoral, foram 55.752.529 para a candidata do governo, contra 43.711.388 do adversário. Portanto, uma vitória incontestável, sólida, maiúscula, sem discussão.
Não foi tarefa das mais fáceis, principalmente em razão da utilização dos meios mais abjetos e desonestos possíveis por parte de determinados segmentos da mídia (Rede Globo, VEJA, Folha de São e outros), à qual se associaram figuras ultra-conservadoras da Igreja Católica (à frente o alemão Ratzinger, conhecido como o papa insensível), a explorarem à exaustão um tema absolutamente dissociado de uma campanha presidencial: o aborto.
De nada adiantou. Sem choro nem vela, a população brasileira, no pleno exercício de sua cidadania, resolveu que o “poste”, a “lésbica”, a “sapatão”, a “mulher-macho” (conforme seus raivosos opositores), será a nossa primeira Presidente (a) da República.
E é porque – segundo os “eternamente do contra” (aqueles, que nunca se reciclaram e que usam viseira pra não enxergar o óbvio) - o presidente Lula da Silva não conseguiria transferir votos à sua afilhada.
Imaginem se transferisse...

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