Quando a OTAN executou a operação que redundou na morte de Muammar Kadhafi tinha em vista o Petróleo do leste do país. Não foi por acaso que a rebelião armada pelo Ocidente começou em Benghazi, a capital da região rica em Petróleo.
Aqui no Brasil muita gente comemorou a insensata operação de assassinato de um líder autoritário, mas que tinha unificado um país que passara por uma revolução exatamente para se tornar dono das riquezas do seu próprio território. Esta gente seguindo a mídia do Departamento de Estado Americano e que todos os dias se deitam para a Meca da guerra fria que é a OTAN, apenas comemorou a morte, sem um grão de raciocínio, especialmente com a grande narrativa da história. Aqui mesmo em nossa volta parecia que comemorar, como se comemora um gol, era tudo para arrancar do peito a própria inconsciência analítica.
Na verdade havia uma referência histórica: a história da velha Iugoslávia. Quem conhece a história da crise do capitalismo dos anos 70 do século XIX em diante, tem que saber o quanto as acomodações políticas foram tiranas e autoritárias em relação ao leste europeu e à região dos Bálcãs. O General Tito fez um projeto autônomo para os Bálcãs e uniu a ferro e fogo Sérvios, Croatas, Montenegrinos e assim por diante. Enfrentou a Alemanha, a União Soviética e quando morreu tudo desmoronou.
Como agora a Líbia. A notícia recente é que o leste petrolífero, da região da Cirenaica, capital em Benghazi, se declara independente do restante do país. Nas montanhas áridas do país já se nota o nascer da figura pálida e farsante do Rei Idris que entregou o país numa farra imperialista do petróleo e que foi derrubado por oficiais do exército quando começou o regime de Kadhafi.
E quem surge no horizonte da separação da Cirenaica, onde viveu o Rei Idris na cidade de Benghazi cujo território monárquico fora herdado da invasão de Mussolini e antes fora do Império Otomano? Um sheik com o nome Ahmed Zubair al-Senussi. Esta figurinha carimbada é sobrinho neto do rei Idris e o seu conselho formado por chefes tribais faz renascer a Constituição imposta em 1951 pelo rei Idris. Um comentário: isso não tem nada com as almas monárquicas, são apenas os simulacros do cinismo de jogos imperialistas e neo-colonialistas.
Bom, já existem cidades da Líbia tomadas por partidários de Kadhafi. O país não tem a paz anunciada pelas tropas da OTAN como também não tiveram e ainda não têm os iraquianos após o anúncio da vitória e da paz de Bush Jr. num porta aviões americano. A situação é de desagregação de Estados Nacionais com um caldo de luta civil interminável. A solução encontrada para o domínio do Petróleo vai certamente tornar o produto muito mais caro: mais reforços serão necessários para sua exploração. O antigo povo líbio sofrerá enormes conseqüências e daqui alguns anos, já na miséria serão esquecidos inclusive por aqueles que tantas esperanças guardavam com as imagens do trucidamento do ex-ditador.
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