Vamos lá: forças terceirizadas (mercenários), suicídios entre soldados aumentando entre 2004 e 2008 em 80% e agora um soldado raivoso assassinando sem quê e nem prá quê crianças e mulheres.
Os cientistas estimam que entre 25% e 50% dos suicídios de soldados americanos estejam relacionados com a guerra do Iraque e Afeganistão. Entre 2007 e 2008 aconteceram 255 suicídios nas forças armadas americanas e a grande maioria fizera tratamento e uma parcela fora hospitalizada. A relação com as guerras e o aumento de suicídios é franca, entre 1997 e 2003 o número de suicídios havia diminuído. A revista Injury Prevention que publicou o artigo dá conta de que os militares apresentavam transtornos psicológicos, desordens de comportamento, ansiedade e dependência química. Isso, além da guerra, reflete o clima geral na sociedade americana, talvez pela crise econômica, com aumento da violência doméstica e crimes sexuais. A coisa é tanta que se considerarmos que os militares, especialmente recrutas, representam uma amostra dos jovens americanos e que 20% dos militares americanos já foram a consultórios psiquiátricos. Em minha opinião tem que levar em consideração, também, outro fenômeno que é a medicalização crescente do que antes não se considerava problema médico como relações e comportamentos humanos. A mercantilização crescente da medicina, tornando negócio médico uma enorme quantidade de assuntos sociais, associado com os medos com ataques de violência como aqueles de Columbine, está levando a um excesso de tratamentos psiquiátricos no país.
O soldado assassinou 15 civis, sendo nove crianças e três mulheres, na província de Kandahar. A mensagem do presidente do Afeganistão é cínica: o acidente é imperdoável. Será que imperdoável não é a presença de tropas estrangeiras em seu país para sustentar o governo do próprio. A manifestação do Presidente americano acrescenta efeitos decorativos ao cinismo geral: Este incidente é trágico e chocante e não representa a qualidade excepcional de nossa força militar e o respeito que o povo americano tem para com o povo afegão. Parece as palavras de um dono de pitbul após seu animal solto ter matado uma velhinha que chegava em casa e ainda tentou se refugiar e não deu tempo.
O medo dos americanos é que o sentimento contra eles irá aumentar ainda mais em relação àqueles episódios da queima do Alcorão. As guerras contra o Afeganistão e Iraque ficam cada vez mais parecidas com a deficiência da segurança dos americanos e para o equilíbrio político do país com aquilo que foi a guerra do Vietnã. Quem viu um filme que trata do drama que foi a guerra do Vietnã para a presidência de Lyndon Johnson vai perceber como estes fenômenos se perdem numa escalada de violência em que a vitória final sobre o inimigo nunca acontece e só deixa a sociedade revoltada.
Se fosse fazer piada eu diria que este soldado americano é eleitor do Partido Republicano ou, o pior, está tão desesperado para sair do inferno da guerra que resolveu espalhar geral. Vai sobrar para muita gente.
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