Por
paradoxal, os próprios integrantes da cúpula de Poder Judiciário estimulam os
mortais comuns a – ao raiar de cada dia - desconfiarem que, ao contrário do que
ditam os manuais e a nossa Carta Maior, a Justiça não é igual para todos (passa
longe disso); que existe, sim, de maneira sorrateira e disfarçada, entre quatro
paredes, tratamento diferenciado e privilegiado para aquele segmento social
incrustado no topo da pirâmide social: os detentores do vil metal.
Tanto
é que, agora mesmo, após quatro meses, tempo julgado (por eles) suficiente para
que a poeira baixasse e os ânimos serenassem, os integrantes do Tribunal de
Justiça do Rio Grande do Sul decidiram (a troco mesmo de quê ???) libertar os
responsáveis pela morte dos 242 jovens que sucumbiram tragicamente envenenados
numa boite da cidade de Santa Maria/RS, sob o estapafúrdio argumento de que não
representam nenhum perigo para a sociedade.
É
inconcebível que se ignore o sofrimento e a dor de tantas famílias vitimadas
pela insensibilidade de uma meia dúzia de inescrupulosos empresários, ávidos
pelo lucro a qualquer preço; é inaceitável que alguém que assume a
responsabilidade de matar (sim, ao usar material inadequado, porquanto
altamente tóxico), seja posto em liberdade de uma hora para outra, como se nada
houvesse acontecido.
Estamos
falando da morte de 242 jovens; estamos falando do sofrimento atroz de 242
famílias; estamos falando de sonhos alimentados durante anos e abruptamente interrompidos;
estamos falando, enfim, de seres humanos.
Daí,
uma única palavra para definir isso tudo: “vergonha”. “Vergonha” de um
Judiciário corrupto e imoral, capaz de proteger assassinos confessos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário