Até que enfim o Crato
chegou às manchetes, jornalísticas e televisivas. Pena que de uma forma nada
positiva, não merecedora de encômios, nem um pouco edificante. É que o
ex-prefeito da cidade, sentindo-se traído por um vereador que houvera sido seu
aliado durante todo o tempo em que esteve no trono (nos últimos oito anos),
resolveu fazer-lhe uma “visita amigável”, em companhia de um outro membro do
legislativo cratense. Pois bem, durante o encontro, conversa vai conversa vem, ao
tempo em que o incitava a fazer declarações comprometedoras (possível
corrupção) contra o atual prefeito da cidade (seu adversário político), o
ex-prefeito acionava um gravador a fim que a conversa registrada ficasse para a
posteridade.
Nos dias seguintes,
devidamente editados e vazados a conta-gotas, trechos da conversa gravada foram
liberados para a imprensa, objetivando mostrar um suposto “modus operandi”
mafioso do atual mandatário da cidade (compra de votos). Então, a coisa fedeu e
uma “catinga insuportável” tomou de conta das ruas, praças, bares, clubes
sociais, igrejas, bancos, consultórios, lotéricas e por aí vai, já que ao ouvir
a própria voz num programa de alta audiência numa das emissoras da cidade e
constatar que houvera sido enganado de forma humilhante pelo ex-amigo, a única e
esfarrapada desculpa brandida por Sua Excelência (???) foi a de que naquela
oportunidade havia “tomado umas e outras” e estava “fora de si” (sic), daí ter
falado o que não devia. Assim, a se confirmar a fala do parlamentar, o ex-prefeito
teria se aproveitado de uma pessoa em adiantado estado de embriagues a fim induzi-la
a fornecer informações que comprometeriam um adversário político (e isso é
bastante grave).
A propósito, é de
domínio público que o ex-prefeito do Crato é um dos herdeiros de um dos maiores
cartórios de Fortaleza (deixado pelo pai para a família) e, conseqüentemente,
até por dever de ofício deve saber que qualquer gravação feita sem a
autorização da justiça, além de não ter qualquer valor jurídico constitui-se crime
grave, passível de punição. E é difícil acreditar (diríamos até impossível) que
a Justiça conceda autorização para que uma pessoa física (ou mesmo qualquer autoridade)
bisbilhote a vida de quem quer que seja, sem que haja um motivo relevante e de interesse
coletivo (picuinhas, então, visando beneficiar-se pessoalmente, nem pensar). Assim,
caso se sinta prejudicada, basta que a parte ofendida procure a Justiça em
busca da competente reparação, cabendo até a impetração de processo e a
conseqüente indenização por danos morais.
Agora, aqui pra nós,
independentemente do desenlace de tão lamentável e vergonhoso imbróglio, que só
serviu para manchar ainda mais o nome da cidade em nível nacional, o que se
pode concluir é que as partes envolvidas (ex-prefeito e diversos vereadores)
demonstraram não ter nenhum apreço pela ética, qualquer consideração para com o
cargo para o qual foram guindados, nenhum respeito para com os que os elegeram.
Como estamos às
vésperas de mais uma eleição, é bom atentar para isso, porquanto já se comenta
que o ex-prefeito pretende se candidatar a Deputado, no próximo ano.
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