Empadões, cachorro quente, salpicão de frango, cerveja,
refrigerante não, mas sucos e o tradicional das praias cariocas: mate gelado
com limão. Crianças e adultos circulando no amplo playground. Mesas, conversas
entre quem há tanto tempo não se via.
Há pouco o avô, de joelhos, os bicos de papagaio pinçando os
trajetos nevrálgicos, brincava com a neta numa pequena piscina de praia. Uma
piscina sem água, cheia de areia da praia. Úmida. Caía aquela chuva pingadeira
e contínua.
E foi na mesa de guloseimas que nos encontramos. Pondo a
conversa em dia. Sem falar em política. A experiência de outros carnavais
demonstra a impossibilidade de se cruzarem numa síntese. O máximo, nestes
casos, que se consegue é cruzar argumentos, com vistas a uma aposta cujo
ganhador leva.
Como disse um papo de assuntos variados e ricos de
novidades. Aí chega o momento. A nora vem, quase pedindo desculpas para dizer
que a hora é chegada. Achei que era para cantar parabéns. Mas não era. Ele iria
ao quarto se fantasiar de Papai Noel para trazer alegria às crianças e
apresentar a alegria à netinha.
Fui a procura de outros papos. Noutras partes da festa. Após
um tempo, enquanto conversava com uma mãe, ela pede desculpa e interrompe o
diálogo. Precisava levar o filho para a proximidade do Papai Noel que entra no
ambiente. Olhei e estava toda a meninada se aproximando do bom velhinho. Aquele
que oferece presentes e sonhos a todos. Inclusive às crianças.
Passou o homem do mate e tomei mais um copo. Outra coisa
para comer. Um novo papo, com outro interlocutor. Levou um tempo para melhor
dizer. A avó se aproxima. E vou confraternizar com ela. Que se encontra numa
quase imperceptível situação de angústia. Se não a conhecesse tão bem, não descobriria.
Assim que a neta, no alvoroço da criançada, viu aquele velho
ameaçador, de roupas vermelhas, um saco nas costas, agitando toda a galera, se
apavorou. Chorou como choramos pelas novidades que nos chocam. Chorou por
aquele que invadiu sua festa. Sua alegria. E fez sumir o vovô e não adiantou nem
a vovó para consolo. Andou nos braços da mãe a chorar de um lado para outro.
Daí a pouco volta, desconsolado, o vovô. Com todas as boas perspectivas
de sinais trocados. O que era alegria, se traduziu em choro. O que era
afetividade se transformou em aversão. A cena da bondade e da oferta se tornou
um aperto de desacerto no coração. Papai Noel de repente era Maumau Noel.
Uma explicação de pronto havia. A netinha completava ali
dois anos de nascimento. Ainda não tivera plena consciência de um natal verdadeiro.
Aquele era o segundo e, do bom velhinho, desconhecia o mito. Mas como vovô
achou ruim aquele papel...
Porém, como sempre o natal retorna.
O vovô se encontrará com o vovô novamente.
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