Em
qualquer
processo de votação, o
“efeito manada” tem por característica o uso do “voto
prostituto”; ou seja, aquele voto que é dado ao sabor de
conveniências momentâneas, da inexistência
de
um mínimo de pudor, da falta
de respeito para com o eleitor, da covardia
dos que se deixam vender
pela
perspectiva
de obtenção de nacos do poder.
No
decorrer da votação do processo da admissibilidade do
impeachment da presidenta “ficha
limpa” Dilma
Rousseff, ontem, tal voto se fez presente
quando integrantes de partidos aliados do governo até o dia anterior
se
bandearam para a trincheira adversária na hora da decisão, em
razão dos provisórios
números
negativos ao governo, mostrados no painel (as
bancadas do
PDT e do PR, dentre
outras,
embarcaram
nessa onda
de
insubordinação e covardia).
E
tal
ocorreu em razão da manobra do representante
maior da “corruptocracia” (e que
preside a Câmara Federal)
Eduardo Cunha que, contrariando
a praxe da
votação
em ordem alfabética, como já houvera ocorrido quando do impeachment
de Collor de Mello (e
fora sugerida agora
pelo
ministro
Marco
Aurélio Mello),
optou
por estabelecer o chamamento dos
votantes via
bancadas estaduais, permissiva
ao
surgimento
do “efeito
manada”, espécie
de escancaramento da porteira
(exemplo
emblemático: depois
da votação da
bancada do
Estado do Paraná, que
em peso foi contra o governo, a debandada
foi quase que automática).
Há
que se registrar que, antes,
a imprensa internacional já houvera retratado de forma pejorativa o
Brasil para
o
mundo, com destaque para o New York Times, que em sua edição de 15
de abril destacou em
primeira página, de
forma cristalina e contundente, sobre
a presidenta Dilma Rousseff: “ELA
NÃO ROUBOU, MAS ESTÁ SENDO JULGADA POR UMA QUADRILHA DE LADRÕES”.
No
mais, uma sessão que poderia ser considerada séria
e
histórica, mesmo
que objetivando
uma
ruptura democrática via cassação
(ilegal) do mandato
de uma presidenta eleita democraticamente por quase 55 milhões de
eleitores, findou por assemelhar-se
a um espetáculo circense periférico
de
quinta categoria (com
todo respeito ao circo e
à periferia).
É
que,
tirante
as exceções de praxe,
as
“excelências” e
“nobres” deputados (tratamento
hipócrita por eles usados entre si),
à falta de uma única justificativa consistente para
cassar a presidenta,
usaram
e abusaram
de
palhaçadas, canalhices
e falta
de seriedade, ao
vivo e a cores, via
estapafúrdias
mensagens
ao
pai, mãe, esposa,
tia,
filho, neto que está por vir,
cachorro, papagaio e por aí vai.
Autentico
festival de baboseiras
e
desrespeito,
que poderia ser sintetizada
em
três instantes distintos:
01)
quando o deputado goiano Heuler Cruvinel, na
tentativa de agradar o chefe e corrupto-mor
Eduardo Cunha, inadvertidamente
tascou:
“pelo fim da corrupção e dos fichas sujas, voto sim”; 02)
quando
a
deputada Raquel Muniz, esposa do atual prefeito da cidade de Montes
Claros, Rui Muniz, bradou
eufórica:
“pelo Brasil e pelo fim da corrupção, voto sim, sim,
sim”
(ironicamente,
hoje,
18.04.16, um dia após, a Polícia Federal prendeu
o
“prefeito-esposo” por… corrupção); e
03)
quando
o
próprio
deputado Eduardo Cunha, anunciou
seu
enigmático voto
evangélico:
“Que Deus tenha misericórdia desta nação. Voto sim”.
Pergunta-se:
misericórdia do Brasil, em
razão da possibilidade
iminente
de
ser
por ele governado ???
Assim,
e na triste
perspectiva
de que o Senado Federal não mudará o que foi decidido
pela
Câmara Federal, resta lamentar que um governo ilegítimo (já
que sem voto e fruto de um golpe de
estado)
e
tendo à frente figuras comprovadamente desonestas e
mafiosas,
finde por exterminar as conquistas sociais até aqui registradas
(já
foi sugerido antecipadamente que as verbas para a saúde e educação
serão podadas e que o salário-mínimo não mais terá os generosos
aumentos reais até aqui vigentes).
Isto
posto,
muito
cedo vamos
descobrir, principalmente
os mais carentes e necessitados, que
as
momentâneas dificuldades vivenciadas
hoje
serão
consideradas
“café
pequeno” ante as
medidas “arrasa quarteirão” que
estão
por vir (até
porque o “tucano” Armínio Fraga, dono de um saco de maldades sem
fundo, é o cotado para assumir o Ministério da Fazenda).
Alfim,
não
custa repetir, repetir
e repetir, a
fim que fique bem claro, que
todo
esse dantesco e
apavorante quadro
é resultante e produto da
criminosa negligência
e
covardia do antigo “guardião da sociedade”, o hoje desacreditado
Supremo Tribunal Federal, por
ter-se omitido em tomar
providências ante as arbitrariedades e abusos perpetrados pelo
deputado-ladrão
Eduardo Cunha.
Triste
e lamentável.
Um comentário:
Do comentarista da TV SIC (Sociedade Independente de Comunicação, emissora privada de Portugal), Miguel Sousa Tavares:
“FOI UMA ASSEMBLÉIA GERAL DE LADRÕES, PRESIDIDA POR UM LADRÃO".
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