No filme americano “Um dia de fúria”, o bom ator
Michael Douglas interpreta um cidadão comum que, desempregado e atormentado por
problemas familiares (separação da esposa e perda da guarda dos filhos), de repente
se vê preso em um monstruoso congestionamento de trânsito, na sempre movimentada
cidade de Los Angeles.
Visivelmente transtornado com o calor sufocante e
o estridente som de dezenas de buzinas, sem poder ir avante ou retornar em busca
de vias alternativas, toma uma decisão radical: abandona o veículo ali mesmo,
no meio da rua e segue a pé, já que compromissado com o aniversário da própria
filha.
Só que, a partir daí seus problemas
geometricamente crescem, porquanto vítima de uma tentativa de assalto e
testemunha ocular de diversas pequenas ocorrências patrocinadas por pessoas
outras (estupros, roubos, etc), ao longo do percurso. Ao final, extenuado,
apoplético e vencido pelo cansaço, ao chegar ao local do evento, acaba por
envolver-se numa briga fatal.
A reflexão acima vem a propósito do atual caótico
transito da quinta capital de maior população do país (Fortaleza), com ruas e
avenidas interditadas e com prazos alongados para a entrega, um teste para as
coronárias de qualquer cidadão, verdadeiro martírio para os que necessitam
enfrentá-lo. Ou será que é normal você gastar 50 minutos para vencer míseros
1,5 quilômetros ???
E o pior é que, se você conseguir escapulir (a
muito custo) para uma das vias laterais, pensando numa melhor fluidez,
literalmente quebra a cara, porquanto outros condutores tiveram a mesma iniciativa
e, assim, todas se acham “entupidas” de carros, em razão das nossas estreitas
ruas e avenidas terem sido projetadas para absorver um determinado número de
veículos e não oferecerem condição de alargamento, como seria necessário.
Junte-se a isso uma sinalização comprovadamente
deficiente, e a conclusão é que não dá pra vislumbrar qualquer solução no curto
ou médio prazo (lembremo-nos que o metrô, decantado em verso e prosa e
prometido para o período da Copa do Mundo de 2014, além de uma obra caríssima,
dificilmente cobrirá o destino e a quilometragem necessária para atender a
todos).
Assim, como as pessoas necessitam locomover-se à
busca do ganha pão diário e/ou para atendimento de outras necessidades básicas,
há que se submeter aos caprichos e eterna má vontade do insensível empresariado
dono de frotas de veículos sem a mínima condição
de conforto e agilidade (estão sempre em atraso).
Uma das alternativas seria a utilização do
transporte público para tal desiderato, através de vias exclusivas, mas este,
além da frota reduzida, peca por praticamente inexistir. As pessoas se veem,
assim, obrigadas a circular em condução própria, daí os monumentais
engarrafamentos verificados.
Pra completar, os últimos números
disponibilizados pelas revendas de automóveis de Fortaleza são de arrepiar: na
média mensal, nada menos que 3.265 carros novos são despejados nas ruas de
Fortaleza, além de 2.213 motos e 101 caminhões.
Onde vamos parar ???
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