Pedro Esmeraldo
Numa tarde sombria no início de agosto de 1962, uma população curiosa se acotovelava na Praça Campossérie aguardando o desfecho do Diretório Municipal da UDN, onde seriam escolhidos candidatos a cargos eletivos.
A princípio, houve um rebu medonho, pois havia revolta no seio da população incontrolada, já que alguns membros praticaram a deslealdade no processo de escolha de seus candidatos, visto que entre eles havia um senhor de bem, de comportamento sereno, que aspirava a cargo de chefe de Poder Executivo municipal.
Após várias horas de reunião sem chegar a bom termo, não obstante, a escolha caiu num cidadão sem respaldo político, que causaria revolta na camada popular.
Com atitude irrepreensível, o povo se aglomerava na frente do prédio onde, pois, havia a reunião do diretório. A camada insatisfeita gritava palavras jocosas que estremeciam os ouvidos de muita gente: - Dessa vez o coronel Montelle vai saber com quantos paus se faz uma cangalha. dizia um gaiato na praça. Outros diziam: - Um, dois, três, quatro, cinco, seis, desta vez a UDN não passará dos dezesseis, correspondendo aos anos que os políticos estiveram no poder.
A atuação dos membros do diretório udenista causou náuseas, porquanto havia muitas curvaturas nas palavras da decisão. Houve fraudes entre os homens que se diziam dignos, causando prejuízo moral aos senhores de bem.
Lá pelas 20h se encerrou a reunião, com alguns deles desavergonhados rindo à toa, com faces radiantes, dizendo expressões desconexas, desculpando-se, sem convencer, forjando mentiras, pensando eles que a sociedade acreditaria nas facetas duvidosas deles.
Os verdadeiros líderes da UDN, aqueles que agiam de boa fé, permaneciam na tristeza, vaticinando que seria derrota antecipada, proveniente dos desacertos.
A princípio, o candidato natural do partido foi concordado por esse grupo que se dizia amigo, no entanto, empurram-no para a perda de ânimo, desvalorizando pessoas dignas e de grande capacidade de trabalho.
Antes da reunião, dizíamos, o povo tinha uma vaga esperança que o senhor Zeiraldo seria o candidato natural do partido, já que esse cidadão bastante conhecido pela sua capacidade de trabalho, soube conduzir seus préstimos em benefício da comunidade.
Esse candidato, considerado pessoa de influência, elencando espírito de trabalho sério e honesto, seria a vez de Vila Real crescer e igualar-se às demais comunas interioranas, usufruindo progresso equilibrado e firme. Infelizmente houve essa traição por um bloco do partido, que almejava beneficiar a outrem sem vocação política. Pois esse mesmo bloco traiçoeiramente preferiu colocar um dentista vereador.
O senhor Zeiraldo não se conformou com a traição, saiu do grupo, de cabeça erguida, sem dizer palavra alguma, com o pensamento de abandonar o partido. Fortalecido, ouviu a família e os amigos, desligou-se da UDN e filiou-se ao PRP, tendo como objetivo derrotar o Dr. Delveixe.
Nas praças, a galera gritava alegremente palavras alegres: - Ah! Ah! Ah! Agora a UDN perde a eleição, aí nós nela, gritava um terceiro. Agora o professor Filipedro vai assumir a Prefeitura; não estou com medo, mas estou com Pedro; o coronel Montelle entregará a chave da Prefeitura na marra.
No dia seguinte, os udenistas desesperados organizaram-se entre si e foram à casa do senhor Zeiraldo com a finalidade de pedir desculpas e não desanimar, mas o senhor Zeiraldo, irredutível, não se deixou levar pelas conversas dos asseclas udenistas.
Os udenistas emudeceram, “botaram o rabo entre as pernas” e saíram de mansinho, cantando amor febril, navegando em barco furado.
A resposta do senhor Zeiraldo foi importante. Deu exemplo a todos aqueles que desejavam fazer os outros de tolos. Isto foi um grande exemplo para essas pessoas maldosas que pensam que o mundo é deles.
O município de Vila Real era rico, constituído de terras férteis, tendo como produção principal a cana-de-açúcar em primeiro lugar e em seguida a cultura do algodão. Era grande produtor de arroz e possuía criação de gado. Por essa razão, o cargo de prefeito estaria sendo cobiçado por pessoas inescrupulosas que só observavam o interesse de si mesmo.
Ressaltando bem, observava-se que havia muitos aventureiros por trás desses políticos maldosos a fim de angariar meios que lhe satisfizessem os seus objetivos, com o intuito de se locupletar facilmente com os bens adquiridos através do erário publico.
Por trás de todo esse tipo de artimanhas havia um cidadão de bem que almejava sobressair-se, procurando elevar-se com trabalho sincero e honesto. Era um senhor diligente e de fácil controle emocional, professor, filósofo, que sabia conduzir as atividades políticas, que tinha como respeito preservar as tradições sócio-políticas da região, enfrentando com zelo e controle emocional todo o processo inerente à comunidade.
Observando-se no meio do bloco udenista, havia deles que eram pecaminosos e que tramavam as urdiduras, conduzindo o partido para o caminho do mal.
A cidade de Vila Real, situada no sopé da Serra do Arari, verdejante, possui fontes d’água que deslumbravam as pessoas que vêm de outras localidades, impressionadas com o farfalhar das águas cristalinas que jorram das encostas. É cidade antiga, que foi fundada no terceiro quartel do século XVIII, permitindo respeito e admiração por todas as pessoas que aqui constituem moradia.
Sua população é ordeira. Não é arrojada, permanece quieta, queixa-se com facilidade das injustiças provenientes da capital do estado. Com ascensão ao poder municipal do professor Filipedro, houve grande esperança que ressurgisse no mapa geográfico do País.
O povo animado começou a trabalhar com mais afinco e então essa cidade começaria a evoluir-se com determinação e trabalho.
Confirmamos, porém, que houve um desenvolvimento desequilibrado quando surgiu uma sequência de prefeitos apáticos e desanimados já que não pensavam em colaborar com o progresso da cidade. Posteriormente, a cidade caiu no arrefecimento. Com a queda dos seus principais produtos como a cana de açúcar e o algodão e o povo partiu para o afrouxamento desenvolvimentista. É preciso contornar essa situação com trabalho, comungando de boas relações e amor à cidade outrora estopim do progresso da região do Arari.
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