Independentemente da manifestação
de “juízos de valor” dispares que há de gerar sobre, a verdade é que a decisão
do jovem, tímido e discreto americano Edward Snowden (31 anos) em “vazar”
segredos de Estado e conseqüentes abusos cometidos pelos governos americano e
britânico no tocante à invasão da privacidade (via controle irrestrito da
Internet, inclusive telefone), acabou por prestar um relevante serviço à
humanidade.
Fato é que, gênio da
computação (e até por isso mesmo), mesmo sem possuir curso superior Snowden
conseguiu ascender à condição de graduado “espião-senior” da NSA (Agência de
Segurança Nacional, dos Estados Unidos, que atuava conjuntamente com a
britânica GCHQ), tendo acesso, pois, a informações ultra-secretas e de largo
poder de destruição.
No entanto, a partir de
um certo instante, ao constatar que os superiores (inclusive o presidente
Barack Obama) mentiam desbragadamente sobre o que ali se passava, visando obter
do Legislativo americano e inglês facilidades, e possuído por uma repentina
conscientização sobre os malefícios que estaria a provocar à humanidade (na
constatação que a “coisa” era bem maior do que imaginava, mesmo que para um
espião), surpreendentemente acabou por “virar a casaca”.
E aí se deu o ato metamorfósico:
após copiar e abrigar em pen-drives fortemente criptografados milhões e milhões
de documentos e informações ultra-secretas resolveu fugir para Hong Kong, na
China, onde, valendo-se de jornalistas do britânico The Guardian (devidamente
selecionados), “botou a boca no mundo”.
Foi um Deus nos acuda,
principalmente porque até aquela data as duas agências governamentais não
tinham a menor idéia de quem teria tido acesso e houvera vazado aquilo que até
então se considerava ultra-secreto. E aí mais uma prova de destemor de Snowden:
mesmo sabendo que estava a assinar o próprio “atestado de óbito”, resolveu
mostrar a cara publicamente, gravando uma entrevista esclarecedora a respeito
do “porque” ter agido daquela forma.
Para se ter idéia da ESTRATOSFÉRICA
E ABSURDA DIMENSÃO da “coisa”, basta um só dado: num dia apenas, as informações
obtidas pela NSA e GCHQ, via grampeamento dos cabos de fibra ótica que
perpassam EUA e Inglaterra, chegaram a 39 BILHÕES de dados coletados - isso
mesmo, com “B”, de bola - contemplando não só o cidadão-comum, mas,
principalmente, líderes de todo o mundo (o próprio Barack Obama, David Cameron, Angela Merkel, Dilma Roussef, e
os presidentes da França e da Indonésia, dentre outros, tiveram suas conversas e
e-mail gravadas e copiadas).
Sem poder contestar as
bombásticas revelações, em razão de a farta documentação ter sido exposta nos
jornais e TV, os governos americano e britânico tiveram que admitir a
ilegalidade do modus operandi utilizado, ao tempo em que usaram a justificativa
de tratar-se de uma preocupação permanente com o terrorismo, após o atentado às
“tôrres gêmeas”, em 2001.
Hoje, após um período
recluso, sabe-se que Snowden se acha exilado na Rússia, com visto de permanência
provisório (que expirará em agosto/2014). Voltar ao seio da família nos Estados
Unidos jamais, já que no mínimo pegaria uma prisão perpétua, porquanto considerado
um “traidor”. Daí a busca desesperada por algum país que aceite conceder-lhe
asilo. O Brasil foi sondado.
Você, aí do outro lado
da telinha, o que acha disso: o Brasil deve abrigá-lo permanentemente ??? Ou
isso representaria uma ameaça à nossa segurança interna e à própria soberania nacional
???
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