TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 3 de abril de 2010

ideias

Quão precioso é o meu cafezinho quente.
Há uma cegueira ritualística:
olhar distraído,
movimentos involuntários,
o choque da colherinha
contra a xícara.

Quão metafísico é o caminho
da cozinha ao quarto

sentindo penetrar por minhas narinas
aquele perfume sempre novo
dilacerante
embriagador.

E eis que me abala o espírito
ao primeiro gole:
sabão neutro.

Mea culpa (incomensurável desleixo)
apaguei a luz antes de enxugar a louça.

2 comentários:

Antonio Sávio disse...

Parabéns Domingos pela inabalável forma de ver o mundo com sua poesia.

Domingos Barroso disse...

Muitas vezes, saiba, camarada Sávio, as formas são toscas e nebulosas...

Mas o cotidiano (invisível)
é mágico.

Forte abraço.