TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 3 de abril de 2010

pele

Guardo noutra alma
a febre dos filhos

órfãos, no quarto
com as pupilas dilatadas.

Meu romantismo é tão carnal
brasa das estrelas,
mão sôfrega

ao alcance da mente
a lúbrica fantasia
da tua tatuagem.

Guardo noutra alma
a veia do sêmen

límpido, pegajoso
nódoas no lençol
em velhas cuecas
na camiseta da farda.

Minha língua
ultimamente secreta

outrora sabia
muito bem como abrir
o portãozinho do jardim

ainda sabe,
apenas anda minha língua
exigente às novas roseiras.

Meu romantismo é tão puro
vinho sagrado dos versos
fermentado pela solidão
atrás dos arbustos.

Correm as águas do riacho.
Já se faz noite.

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