E lá venho em meu
caráter renitente a esse banco vazio de uma praça da minha cidade. É noite de
sábado, mas em minuto algum desta noite ela se encheu de gente como no passado.
Estão todos no Facebook,
em frente às telas iluminadas das televisões, deixando vazios um, dois, três,
quase todos bancos e apenas um ocupado, esse em que me sento.
Mas venho com esperança
do humano. Não me falem em passado e nem em futuro. Basta ser vivo para ser
presente. Acho um horror aquela frase que diz ser o jovem o futuro. Conversa de
conservador querendo guardar seu privilégio de há muito que domina.
E venho como aquele
personagem da canção do Milton Nascimento que todos os dias vem esperar o trem
que nunca passa. Mas enquanto solitário nesta noite de sábado, o silêncio me
faz ouvir o clic das pequenas sementes pretas que caem do cimo das palmas que
adornam a praça sobre o mosaico do seu piso.
Um Crato inteiro sumiu
desta praça. Entrou profundamente dentro das furnas onde se comunica com o
mundo todo, menos com a praça. Talvez resguardando seus peitos de balas das
armas apontadas que lhes surrupiam os objetos de valor. Até os tênis de marca. Como
se as armas não ultrapassem os portais das furnas.
E por isso meu caráter
renitente. Vim à solidão da praça esquecida. Do esquecimento que a praça tem de
gente. A amnésia das estrelas que já não enxergam os dedos que lhes contavam. A
lua que olvidou todas as pessoas sumidas.
Vim para solidão para
não esquecer de ninguém. Ninguém que nesta praça não se encontra.
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