TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
O celular me liga no mundo e sei, continuo desligado. detesto isso de ser achado a qualquer hora. Gostava quando os telefones viviam presos. Iguais a cachorros ferozes. Presos em suas cordinhas enroladinhas. A gente via eles lá, nos cantos das paredes, cobertos com pequenas toalhas de crochê, ou as vezes, presos também com pequenos cadeados. Um dia eles se soltaram. Pularam das paredes para os cintos. Depois para as bolsas, os bolsos. Um dia, vão andar sozinhos. Falar entre si. Planejar a destruição de todos os humanos.
Enfim: O Maior Evento Cultural do Cariri !
7 dias de evento
atrações de 11 estados
5 países envolvidos
52 peças teatrais
22 atrações musicais
22 oficinas
Lançamentos de livros
Reisados e bandas cabaçais
Cordelistas
Rito de Passagem
São mais de 1.500 artistas envolvidos diretamente.
Programação:
E POR FALAR EM BRUXAS...
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
Quero escrever o borrão vermelho de sangue
com as gotas e coágulos pingando
de dentro para dentro.
Quero escrever amarelo-ouro
com raios de translucidez.
Que não me entendam
pouco-se-me-dá.
Nada tenho a perder.
Jogo tudo na violência
que sempre me povoou,
o grito áspero e agudo e prolongado,
o grito que eu,
por falso respeito humano,
não dei.
Mas aqui vai o meu berro
me rasgando as profundas entranhas
de onde brota o estertor ambicionado.
Quero abarcar o mundo
com o terremoto causado pelo grito.
O clímax de minha vida será a morte.
Quero escrever noções
sem o uso abusivo da palavra.
Só me resta ficar nua:
nada tenho mais a perder
Quem se atreve a definir esta mulher? Enigmática, para Antônio Callado. Um mistério, para Carlos Drummond de Andrade. Insolúvel, para o jornalista Paulo Francis. Ela não fazia literatura, mas bruxaria, disse Otto Lara Resende.
Em maio de 1976, o jornalista José Castello, colaborador de O Globo, recebe a missão de entrevistar Clarice Lispector. Corre boato de que ela não quer mais saber de entrevistas, mas Castello consegue o encontro. Dialogam:
J.C. - Por que você escreve?
C.L. - Vou lhe responder com outra pergunta: - Por que você bebe água?
J.C. - Por que bebo água? Porque tenho sede.
C.L. - Quer dizer que você bebe água para não morrer. Pois eu também: escrevo para me manter viva.
Investigada por pesquisadores apaixonados no mundo todo, Clarice é uma das mais cultuadas escritoras brasileiras. Para muitos, das mais importantes do século 20, no mundo.
Clarice nasceu na aldeia Tchetchelnik, Ucrânia, que de tão pequena nem figura no mapa, em 10 de dezembro de 1920, quando os pais Pedro e Marieta, junto das filhas Elisa e Tânia, estavam emigrando para o Brasil. Pararam naquele lugar apenas para Clarice nascer. Com dois meses de vida desembarcava com a família em Maceió, onde viveu por três ou quatro anos. Mudam depois para o Recife. Em 1929, aos nove anos, perdeu a mãe.
Guardo de Pernambuco até o sotaque. Quem vive ou viveu no Norte tem uma fortuna de ser brasileiro muito especial.
A menina já escrevia suas historietas, sempre recusadas pelo Diário de Pernambuco, que mantinha uma página infantil, porque elas não tinham enredo e fatos - apenas sensações. Adolescente, segue com o pai e as irmãs para o Rio de Janeiro. Termina o secundário. Dá aulas de português para contornar a crise financeira da família. Entra na Faculdade Nacional de Direito em 1939. No ano seguinte perde o pai. Trabalha como redatora no jornal A noite, onde publica contos. Em 1943, casa com o diplomata Maury Gurgel Valente.
Entre muitas leituras, lia Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Machado de Assis, Dostoievski "embora não o aprendesse em toda a sua grandeza" e descobriu por acaso Katherine Mansfield à qual foi equiparada posteriormente.
Perto do coração selvagem, o primeiro romance, escrito aos 19 anos é publicado apenas em 1944. A jovem revelação desnorteia a crítica. Há os que buscam influências, invocam certo temperamento feminino. Outros não a entendem.
Não sei o que quero e, quando descobrir, não preciso mais. Acho que quero entender. Quando escrevo, vou descobrindo, aprendendo. É um exercício de aprendizagem da vida.
Viveu em vários países, acompanhando o marido. Nápoles, Berna, Washington se revezam com passagens pelo Brasil. A vida de mulher de diplomata não lhe agradava. De Paris, em janeiro de 1947, escreve às irmãs:
Com a vida assim parece que sou "outra pessoa" em Paris. É uma embriaguez que não tem nada de agradável. Tenho visto pessoas demais, falado demais, dito mentiras, tenho sido muito gentil. Quem está se divertindo é uma mulher que eu detesto, uma mulher que não é a irmã de vocês. É qualquer uma.
No exterior lhe nascem os dois filhos, Pedro e Paulo. Mãe, Clarice divide-se entre as crianças e a literatura, escrevendo com a máquina apoiada nas pernas enquanto cuida de seus pequenos.
Separada do marido em 1959, volta ao Rio de Janeiro com os filhos. Mais um período de dificuldades afetivas e financeiras apesar de já ser escritora famosa com obras publicadas no exterior. Nesta época publica contos encomendados por Simeão Leal na revista Senhor. Em toda a década de 1960, colabora em vários jornais e revistas para sobreviver, faz traduções. Em 1969, já era autora de obras importantes como O lustre (romance, 1946); Laços de família (contos, 1960); A maçã no escuro (romance, 1961); A paixão segundo G.H. (romance, 1964); Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (romance, 1969). Incomodava-se com sua mitificação: Muito elogio é como botar água demais na flor. Ela apodrece.
Clarice morreu de câncer em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de completar 57 anos. Meses antes concedeu célebre entrevista a Júlio Lerner, da TV Cultura. Ela acabava de terminar A hora da estrela. Escrever era vital para a misteriosa Clarice. Na última entrevista confessava: "Quando não escrevo, estou morta".
Em 1975, convidada a participar do Congresso Mundial de Bruxaria na Colômbia, limitou-se à leitura do conto O ovo e a galinha, um conto que não compreendia muito bem, declarou. Na década de 1990, o escritor Otta Lara Resende advertiu José Castello, que escrevia biografia de Clarice: "Você deve tomar cuidado com Clarice. Não se trata de literatura, mas de bruxaria".
Ronaldo Correia de Brito lança romance "Galiléia"
Quando lancei As noites e os dias, em 1997, pela editora Bagaço, o poeta Alberto Cunha Melo escreveu que meus personagens são complexamente urbanos e habitam um sertão sem endereço certo, que pode estar em qualquer latitude. Em Galiléia, os primos Davi, Ismael e Adonias procuram reconstruir suas vidas na Noruega, no Recife e em São Paulo, longe do sertão em que nasceram. Por mais que eles tenham se distanciado da violência que ronda a família, voltarão a senti-la de perto, descobrindo que nunca escaparam ao destino que os cerca.
Uma releitura do sertão
O sertão tanto pode significar um espaço mítico como um acidente geográfico. Santo Agostinho perguntava sobre o tempo: o que é o tempo? Se não me perguntam eu sei, se me perguntam, desconheço. O que é o sertão? Se não me perguntam eu sei, se me perguntam desconheço. O sertão é abstrato ou real como o tempo. E continuará sendo tema para a literatura. O sertão é um espaço de memória confundido com o urbano. É o melhor lugar do mundo para acessar a Internet, porque as Lan House cobram apenas cinqüenta centavos por hora. Galiléia trata dessas idas e vindas, mergulhos e retornos nesse mundo suburbano chamado sertão.
Sou inteiramente aberto às influências. Não estou nem aí para qualquer tipo de fidelidade. Sou marcado pela escrita de Rulfo, Borges e de vários escritores russos. O livro que marcou mais profundamente minha escrita foi a História Sagrada, que sempre li como um compêndio de narrativas e nunca como um escrito religioso. Concordo com o ponto de vista de Robert Alter de que a Bíblia é prosa de ficção.
Eu precisava escrever um romance para ter mais espaço para discussões que não cabem no conto. Mas, sou um romancista conciso. Nunca conseguiria escrever centenas de páginas como os russos e os escritores de língua inglesa. Levei a mesma tensão dos meus contos para o romance. E isso se alcança em poucas páginas.
Trabalho duas propostas de Ítalo Calvino na minha literatura: a exatidão e a rapidez. Sou obsessivo em tentar dizer o essencial com poucas palavras. A cada dia me preocupo menos com o efeito das frases. Já não tento alcançar a beleza; prefiro alcançar a verdade. Quase não crio metáforas e censuro os adjetivos. Acho que sou esquemático, o que não deixa de ser um perigo para a literatura. Mas não suporto gorduras, sempre busco chegar ao osso.
Sou um escritor psicanalisado e minha escrita reflete isso. Nunca quis exercer o papel de psicanalista, embora tenha feito formação. Não conheço boa literatura escrita por psicanalistas. O hábito profissional da escuta e da escrita psicanalítica contamina a criação literária e o resultado é sempre ruim. Freud escreveu boa literatura. Não digo o mesmo de Jacques Lacan.
Quando terminei de escrever Galiléia, tive a impressão de que havia escrito o roteiro de um filme. Escrevo sempre a partir de impressões visuais, arranjos de cena. Nunca escrevi por sugestão deste ou daquele texto literário. As imagens do cinema me sugerem muito mais profundamente do que um conto ou novela. Escrevo teatro com facilidade. Sou um homem de teatro, conheço a carpintaria teatral. Escrever para cinema e teatro é bom porque podemos acompanhar a encenação ou a filmagem, vemos a transformação do texto numa outra linguagem.
Escrever é um ofício custoso. É necessário ler muito, agüentar o tranco da solidão, ser capaz de uma viagem interior e estar sempre aberto às novas experiências da escrita. É um ofício amargo, duro, uma verdadeira ascese. Não vejo nenhum glamour em ser escritor. Só reconheço nessa profissão muito trabalho, uma busca permanente da literatura e horas contínuas de estudo.
Continuo trabalhando como médico e não pretendo me afastar da medicina, nunca. Escrever e atuar como médico são atividades sem conflito. Acho que não seria escritor sem o longo e exaustivo exercício da medicina. Todos os dias eu convivo com o sofrimento, com a doença, com a morte e a alegria da cura. Ouço histórias que anoto e que podem aparecer em algum conto ou novela. Em "Livro dos Homens" existem dois contos desenvolvidos a partir de minha vivência no hospital.
Só consigo viver fazendo muitas coisas. Todas elas estão harmonizadas e é como se eu me movimentasse dentro de um mesmo universo. Gostaria de escrever um livro que me deixasse satisfeito. Isso nunca acontecerá. Estou sempre esperando por esse livro. Ah, se fosse Galiléia! Mas tenho consciência da minha permanente insatisfação e já estou trabalhando em novos livros. Queria viver mais serenamente, sem a angústia da espera. Não desejar e não esperar. Isso é quase a santidade.
Ronaldo Correia de Brito é médico e escritor. Escreveu Faca e Livro dos Homens.
Um recado de amigo
Não senti tanto entusiasmo pela vitória do atual prefeito. Fui esquecido e ofuscado pelas artimanhas de seus dois secretários: Saúde e Educação, que vieram de outras plagas, sem entenderem nada do ramo (por negligência ou falta de conhecimento). Atrapalham o desenvolvimento técnico na educação e saúde desta cidade.
Senti mágoas profundas, visto que fui fiel escudeiro, lutando com sinceridade, colaborando com bravura e destemor, sempre com boa vontade, para conseguir o objetivo de todos os cratenses que era a queda de oligarquia antiga e ultrapassada que há anos atanazava a cidade.
Desta vez, por motivos óbvios, não o apoiei. Embora meu candidato não lograsse êxito, devido à falta de recursos humanos e apoio financeiro, mesmo assim marchou sozinho, acompanhado com um pequeno partido, rachado devido às brigas internas que encobriam o desenvolvimento de sua candidatura. Mesmo assim, mostrou raça e coragem de atacar com vontade, lutando contra a maré, contra dois leões políticos que usurparam, sem muito esforço, os votos que poderiam ser dele.
Apesar dessa mágoa que permanece encravada em meu peito e, aos troncos e barrancos, vibro com muita animação por essa vitória, pois, se Deus não manda o contrário, Crato se livrará do comodismo, dependendo apenas do senhor Prefeito saber escolher seus assessores, afastando-os desse meio as pessoas nocivas e colocando outras dignas e arrojadas para acompanhar o seu mandato.
No momento de grandes reflexões, peço a Deus que o ilumine e conduza ao caminho do bem, que é a concórdia e a perseverança.
Olhe para frente, ultrapasse barreiras, evite o excesso de vaidade, abomine as pessoas maldosas. Elimine de uma vez por toda o cordão de puxa-saco, o disse-me-disse e as urdiduras que constantemente invadem o seu gabinete.
Repetirei com ardor palavras de crônicas anteriores: prestigie os seus correligionários e trate o adversário como cidadão de bem.
Se assim o fizer, com arrojo, creio que fará uma boa administração e o seu nome ficará gravado na história do Crato.
Apoio: Firenze Cosméticos
Rua Dr. João Pessoa, 401 – Centro - Crato - Fone: 3521.7072
Obs.: Postagem feita por solicitação do autor.
E OS BRUXOS ?
Que o fogo do inferno
apenas me alumia.
Já rezei sortilégios
e tudo
já perdeu o seu mistério
Fiquei com medo
Perdi o jeito
meu nariz cresceu!
E aquela ruga ,que ficou no peito
Rebelde
não volta pro nariz
A metade da maça ...?
-Nunca comi !
Rapunzel
estarei com raiva de mim
terei desconhecido Deus
descido os 9 infernos de Dante
suplicado menos demoras
não beijarei os pés
não farei tranças
sei que olharei sem crer
Envergaram-se meus egos
meus muros serão escalados
sem esforço demasiado
o livro que li e não terminei
desci mas não descerei
até mostrar as calcinhas
os guetos me ensinaram a amar
sem as suas à vista
Quando encontrar o que é amor
depois do ciclo vital percorrido
terei virado mineral absoluto
de tanto açoite, cortes
coices agradecidos
se lapidar demais, some
fui curada no sal
tempero do bem e do mal
dos amores legítimos
gosto de teatro,
é num cenário teatral que o poeta cria, voa em imagens
gostaria que alguém me ensinasse
a gostar de comédia
pra eu rir da minha arte
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
INTERPRETAÇÃO (texto recebido pela Internet)
'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres. '
Morreu antes de fazer a pontuação. A quem deixava a fortuna? Eram quatro concorrentes.
1) O sobrinho fez a seguinte pontuação:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
2) A irmã chegou em seguida. Pontuou assim o escrito:Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
3) O padeiro pediu cópia do original. Puxou a brasa pra sardinha dele:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.
4) Aí, chegaram os descamisados da cidade. Um deles, sabido, fez esta interpretação:
Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro? Nada! Dou aos pobres.
Moral da história:'A vida pode ser interpretada e vivida de diversas maneiras. Nós é que fazemos sua pontuação. E isso faz toda a diferença..."
Algemas para rico só de sex shop
Recentemente, esta antipatia pareceu bastante visível no caso do seqüestro da estudante Eloá. Indiscutíveis os erros cometidos pela polícia, agora perfeitamente apontados pelos mestres das obras feitas, depois do desfecho trágico do acontecimento. Qualquer que tivesse sido o resultado, no entanto, certamente o GATE teria sido crucificado. Pagos todos com salário de fome, advindos da mesma fração pobre da população brasileira, morando todos nos mesmos rincões de miséria dos demais, trabalhando sobre pressão de toda natureza, a sociedade exige deles a precisão de um MOSSAD. Se o seqüestrador tivesse sido eliminado por um atirador de elite, seria a polícia imputada de violenta e assassina, pois o Lindberg, diriam todos, era uma doçura de pessoa, apenas nervosinho e apaixonado, mas sem antecedentes criminais. Quem lucrou com tudo aquilo ? A televisão brasileira, que ávida de sangue escorrendo pelas calçadas, empanturrou-se de pontos do IBOPE a custa da desgraça de muitos e os brasileiros que colados na telinha assistiam a tudo com um ar de indisfarçável sadismo. Para a mídia, o desfecho não podia ter sido melhor !
Nos últimos anos, a Polícia Federal tem desencadeado um trabalho hercúleo no sentido de combater uma verdadeira indústria de quadrilheiros, espalhados por todo o país, cuja especialidade básica é a de fazer desvio deslavado do dinheiro público. Só este ano já se contabilizam 181 operações, com 1949 presos, destes 290 eram servidores públicos. O grande problema criado é que , de repente, pessoas de elevado nível social começaram a ser presos, como juízes, políticos, secretários de estado, ex-governadores, ministros, prefeitos, advogados, políticos influentes. Num país de castas como o nosso, isto se tornou uma verdadeira blasfêmia. Mesmo tendo direito a celas especiais e confortáveis, embora a Constituição pregue a igualdade de todos perante a lei. Onde estamos, meu Deus ? Não se respeita mais patente? Esqueceram que cadeia foi construída apenas para negro, pobre e analfabeto ? Ainda bem que a justiça é rápida, no Brasil, da noite para o dia são concedidos Habeas corpus, alguns inclusive pela madrugada e, finalmente, as injustiças terríveis são corrigidas.
Em agosto último, o Supremo Tribunal Federal disciplinou o uso das algemas que, no seu entender, estavam sendo utilizadas de forma abusiva, editando a chamada Súmula Vinculante 11: "Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado".
A Lei no Brasil tem lá suas preferências. Todo o dia, nossos programas policiais, em tudo quanto é cafundó deste país, ridicularizam os presos comuns, os ladrões de galinha, expondo-os, queimando suas imagens, antes mesmo de qualquer investigação mais séria e julgamento. São presos e transportados como animais para o abate e, muitas vezes, é justamente para este fim. Acondicionam-lhes em latas de sardinha , em celas que os faria invejar Auschuwitz. Algemas para eles, tornaram-se meros detalhes, talvez uma espécie de adereço. No Brasil só é considerado roubo a apropriação do patrimônio particular e privado, roubar dinheiro público, independente do montante, é apenas uma pequeníssima contravenção.
O preço dessas deformidades será cobrado depois na guerra civil da ruas, onde o povaréu e a polícia são apenas meros atores de um enredo que não foi escrito nem dirigido por eles.
Blog : http://simborapramatozinho.blogspot.com/
AS IDÉIAS DE ARQUIPÉLAGO E CONTINENTE EM DEBATE DOS FILÓSOFOS DA BATATEIRA
Mitonho logo esticou seu corpo magro em direção ao céu, enquanto as veias do pescoço estufavam pelo esforço do discurso:
- A maior corrupção é de quem a pratica quando antes se dizia limpo. Quem levantou a bandeira da ética, da correção, da coisa pública, da democracia, da limpeza e depois se macula com o vil metal. É preciso rebentar estes traidores, eles são piores que os antigos ladrões, pois enganam para disfarçar os próprios atos.......
Chico Breca levanta-se na altura em que Mitonho se encontrava o combate:
- Você perdeu o rumo. Você combate pessoas. Não combate o instituto da corrupção. Não adiante prender um ladrão ou outro. É preciso além de expor e execrar o praticante da corrupção, também acentuar os motivos pelos quais a corrupção é ruim para todas as pessoas, é ruim para a sociedade e principalmente para a política. Que partido político no exercício do poder não praticou atos que lesam a sociedade. Fazem corrupção tanto nas contas do dinheiro quanto nas promessas impraticáveis. Ao invés de denunciarem as falsas promessas, se tornam cúmplice de uma ilusão que promete e apenas cumpre, de fato, a frustração da sociedade.
Zé de Dona Maria, como membro ativo do debate, toma a palavra:
- O problema é desta república ilegítima e corrupta. É desta ganância individualista. Desta falta de Deus no coração. Desta falta de uma autoridade mediadora, que sirva como um pai para a nação. Esta república só funciona na base da corrupção é nela que se encontra a raiz da corrupção.
Chambaril, por sua vez vem como um trator:
- Nem pessoa, nem instituto e nem rei. A corrupção se encontra na raiz do próprio sistema capitalista. Ou o comércio não corrompe o preço para ganhar mais? Ou um padre não deixa de batizar ou fazer a oração aos mortos se ele não tiver dinheiro? Ou um banqueiro não aplica juros para ganhar dinheiro sem fazer nada? Ora é do jogo do capitalismo explorar o outro. Mas os defensores deste regime vivem apregoando que a democracia só é possível com ele, que a liberdade só existe nele, que o progresso da pessoa só ocorre nele. Então dizem que tudo depende da capacidade de cada um, ninguém pode se achar lesado se a conquista do outro é fruto da sua maior capacidade. Mas aí a capacidade do trabalhador é o trabalho e pai se matou dia, noite, domingo e feriado de tanto trabalhar e hoje além de não ter quase nada ainda vê que todo mundo na vizinhança é a mesma coisa. Então pai sabe que a capacidade que diziam ser de cada um, é de muita gente ao mesmo tempo e quando muita gente é assim ao mesmo tempo, é que o modo é corrupto na sua própria natureza.
Fan levanta como se fosse entrar no tema e aborda uma coisa que ninguém, em princípio, entendeu:
- Catástrofe é o nome do presente. É este machismo que transformou as leis da convivência humana em relação de poder, de dominador e dominado. Veja aquele grande imbecil lá de São Paulo. O macho forte, dono da mulher, sem qualquer estrutura para agüentar uma rejeição. Mata a moça pois se julga o dono da alma e do corpo dela. E faz isto para deleite de todos os machões do Brasil, a cores e com som pela televisão. E isso se torna uma propaganda do poder, inclusive pela voz, a soldo dos donos de televisão, de inúmeras mulheres.
Um silêncio de arquipélago em que ilha alguma escuta a outra. Ou um balbucio infernal de maracanãs na areia. Nenhuma fala se funde. Ninguém se entende. Então Chico Preto, o maior filósofo que a Batateira já teve e talvez nunca terá igual, afina o término da reunião:
- Toda pessoa diz o que tem dentro de si. Mesmo que dentro dela tenha uma voz que não se originou nela mesmo. Seja a voz de uma revista ou da televisão, ou voz de uma doutrina, ou a voz de uma paixão. Então não é possível qualquer conversa em que não se considere isso. Mas é possível que todo conversador já saiba de cara que após a conversa ele não sairá com a mesma matéria com a qual havia chegado.Então só é possível irmos para uma sabedoria comum a todos, quando todas as vozes forem modificadas pelo confronto de tantas vozes. Como dizia um amigo meu: neste mundo até as pedras se encontram.
Ode à Rua da Vala - Para Armando Rafael
Na ponta da rua ...
Moreirinha é arte !
Núbia confeitava ?
Eunice ...
O doce do leite ,
a delícia da puba .
Seu Tôta ,
um jogo pra virar a noite ...
Tête , cadê você ?
Dona Evanir
Figurinos ,
desfile na praça ,
e nas matinais ...
Dona Carlinda e Carlindo ...
Seu Nenem ...
Fábio e Jairilene
Dona Zélia e Seu Decim
Lilita ,
rosto pincelado ,
boneca de carne ,
sempre linda !
Elsa Ramos ,
Dr Macário ,
E os Coriolanos ?
-Nossa Iracema do Crato...
Amélia , Iara ,
Mãe Ceiçinha ...
Dona Socorro e Seu Carlos ...
Teresinha Amorim ,
O Tenente Luiz ...
Minha mãe,
Minha avó , minha casa ...
Meu pé de algaroba
Minha catapora ...
Tudo para trás !
Casa dos apertos
Redes pelas salas
Pão , ovos e leite ...
e banana prata ...
Um banheiro só
Uma fila grande
Toalhas úmidas ,
um lençol gigante ...
Dona Leni e seu Esmerindo...
O carteiro
Um amor distante ...
Outros ,
na beira da vala ...
vigiados
por janelas intrigantes
Os Tavares Leite
Ângela ...
lembro tanto !
Telma Saraiva
pose , pincel , e arte !
Retrato falado ,
espelho de uma época ,
glamour, encanto !
A vala ,
e o mergulho dos carros
A queda dos meninos ...
Até a morte,
teve a sua história :
um tiro , um enfarte ...
uma chuva , um sumiço ...
Casamentos na sacristia
Fatalidades , mescladas de
alegrias ...
Vala dos limites
Dos gritos ,
das muriçocas ,
do calor dos ânimos ...
Brigas , amores, discórdias ...
Uma ode a esta rua ...
hoje tão estranha !
Dr Maurício e Dr. Hermano ...
Consultório de Dr. Zé Ulisses
Palacetes , casas enfileiradas,
dentro de um só plano.
Saudades ...
Cadeiras na calçada
e a gente a passar...
A deixar ...
Hora íntima ,
no ar...
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Cadê ?
A rua da Vala ...
Rua da minha meninice
Crudelíssima amada
mas é no coração
que sinto pontadas.
Minh'alma acabada
embriaga-se:
lágrimas, soluços, uivos.
Arde-me a testa
mas é no coração
que sinto febre.
Minh'alma esperta
supera-se:
vinho, outra taça, sua melhor amiga.
O povo sabe de si
Século inteiro veio de ser questionado em toda a órbita soviética, onde esforço de assumir direitos e anseios gerou uma nova classe no poder, sob as máscaras de tutora da grande sociedade, indo pouco além do oportunismo cruel, burocrata e alienante em que se tranformaram as democracias populares.
Grande mestra, a História, desde que atentos se postem os homens, ouvidos fixos nas entrelinhas dos palácios e das ruas.
Aventureiros perspicazes fazem ponto nos cavados de tempo, dando preferência às épocas obscuras, e lançam mãos de postos vitais, mostrando condecorações duvidosas, táticas perversas, impostores nos mercados da política, em geral porque tantos se recusam chegar na hora e assumir os necessários compromissos. De modo repetitivo, as massas reclamam alternância, mas não se oferecem para isso. Delas tem de vir no comando as lideranças anunciadas. Depois, ficou tarde, onde o preço explode nas convulsões indesejadas.
Daí aquele costume arraigado de achar que participação só gera aborrecimentos e que os políticos todos não merecem confiança, enquanto esses mesmos se revezam, eternizados em postos-chaves, crescendo os custos da indiferença, deteriorando as sapatas da pirâmide social, quais papéis mofados aos cantos de salões poeirentos, nos edifícios públicos, enquanto a miséria invade lares.
Temos de encostar de perto nos que se dizem nossos representantes, pois ninguém merece este título sem cumprir a obrigação de que foi incumbido. Apenas querer, prometer e sumir, pouco significa nos momentos críticos dos tempos atuais.
Olhos abertos nos partidos salvacionistas, que assumem de modo ostensivo a prerrogativa da credulidade, para depois se escafederem com a panela, nos corredores sombrios da corrupção. Prováveis homens de bem devem primeiro demonstrar suas intenções: antes disso que os vejamos tais suspeitos e demagogos em tese.
O jogo de cores/palavras dos meios modernos de transmitir mensagens se presta à mistificação, dosado pelos grupos que juntaram forças na sombra de regimes espúrios. O espaço forjado pela injustiça germina líderes postiços, como mercadoria de feira (tanto na extremidade esquerda, quanto na direita, conforme os gostos) para as lâminas maleáveis da propaganda paga, cabendo-nos avaliações e lucidez de escolha.
Nenhum homem isolado poderá sentir o sofrimento do povo inteiro, por mais vontadoso que seja. Cada um de nós sente proporcional a cada resistência. Deus nos livre dos falsos cristos e falsos profetas. O crescimento social se dará, queiram ou não os egoistas. Deixemos correr o barco, de preferência sob lideranças honestas e nos padrões regulares da sabedoria do povo, isento de dores importunas.
Assumir quem somos deve significar mérito, nas populações. Liberdade frutifica esperança e trabalho, sob qualquer hipótese. Guardemo-nos daqueles que indicam o abismo como fim útil do drama moderno.
Bem aqui, neste parágrafo, cabe um desfecho: o povo é senhor de si, não carecendo gestores, e ainda nos recorda, como aviso de algibeira, "os maus só parecem grandes porque os bons teimam em permanecer ajoelhados".
A CRISE NA VISÃO DE TRÊS BAMBAS DA ECONOMIA
Para todos os debatedores a crise é ampla e tem uma importância histórica de relevância. O capitalismo funciona em crises, ao longo do século XX foram mais de 40 delas, porém entre o final do século XIX e até hoje duas crises foram realmente modificadoras. A primeira entre 1870 e 1890, abalou o império inglês e tornou mais violento, acompanhou-se da queda do padrão ouro inglês e seguramente esteve na raiz da primeira guerra mundial e da revolução russa. A segunda nos anos 30 do século XX, na raiz dos regimes nazo-facistas, a segunda grande guerra e o surgimento da hegemonia americana e da bipolaridade entre esta e a União Soviética. Os debatedores foram concordantes que esta crise é equiparável às duas primeiras, os valores do capital e das empresas capitalistas despencaram, a economia real, aquela que influencia sobre os bens e sobre o emprego também se encontra em crise. Os efeitos sociais da crise serão mais marcantes a partir do próximo ano e em 2010 estaremos em plena recessão.
Todos foram unânimes em acusar o modelo neoliberal com o motor da crise, a base estruturas se encontra na desregulamentação e em práticas lesivas à economia real, especialmente numa bolha de crescimento baseado em derivativos financeiros. Em todo o debate esteve em foco a volúpia com que os líderes brasileiros no Governo Fernando Henrique aderiram ao "cassino" financeiro internacional, contaminando toda cadeia produtiva brasileira e nos deixando em situação efetivamente grave. O governo Lula, em menor ou maior escala, dependendo dos compromissos políticos de cada debatedor, foi posto em linha com a crise pelo que deixou de fazer e especialmente pelo comportamento dos juros, do endividamento externo e pela política cambial frouxa.
A sensação de quem assistiu ao debate é que na raiz do problema temos fortes indícios de que a catástrofe nos atingirá igualmente e em maior escala, pois somos um país economicamente pequeno. Que esta catástrofe guarda relação com aquele discurso ideológico dos anos noventa, do Estado Mínimo, da desregulamentação e o Mercado Soberano. Guarda relação com os Governos Fernando Henrique e Lula que afinal não souberam defender um projeto nacional e ficaram a reboque de três grandes áreas da economia brasileira: agronegócio, bancos e produtores de commodities minerais.
A principal marca do debate é que não apareceu, até agora, nenhuma medida prática que proteja o emprego, que sustente a poupança popular e salvaguarde o pequeno patrimônio das famílias. O governo tem atendido aos interesses das três áreas citadas e não adotou medidas regulatórias que dê rumos pois o atual estado das coisas não se sustentará. Finalmente o debate apontou para a necessidade que a sociedade se mobilize, que os partidos políticos definam um programa mínimo de consenso para proteger a nação e o povo brasileiro. A verdade é que a crise é profunda e ameaça até mesmo o patrimônio da nação como a Amazônia e o petróleo do Pré-Sal.
A MORTE DE CHOPIN
Paris, 17 de Outubro de 1849
Na Praça Vendôme número 12
sento-me à cabeceira de um homem esquálido
que aguarda pacientemente...
Pessoas entram e saem do quarto com rapidez
levanto-me um pouco e olho pela fresta da janela
Transeuntes com roupas pomposas, passam sem saber que ali
se consome o corpo de um gênio
Lágrimas escorrem de nossas faces
enquanto alguém toca um de seus noturnos
Seu pálido reflexo sucumbe a cada hora
e nada mais há por fazer
Em dado momento, Delacroix entra quarto adentro,
e conversa conosco sobre o paciente, que mal responde.
Sem querer assistir a hora derradeira,
seguro a sua mão delicada, e beijo a fronte de CHOPIN,
saindo do quarto em direção à rua.
Olho para o céu, para as ruas e contemplo:
"Paris não muda !" - decerto.
Mas o mundo perde um gênio
que como poucos, soube retratar as inefáveis
verdades do espírito humano !
Distancio-me caminhando vagarosamente
e silenciosamente pelas ruas de Paris.
* * *
Do álbum "Caminhos Imaginários"
Dihelson Mendonça
Dedicado a Frederic Chopin
Arte: Chopin, por Delacroix
terça-feira, 28 de outubro de 2008
alpiste
um verso de improviso em cima da corda
com o sentimento que pulula e se recolhe
ao mínimo risco de ameaça
Num debate íntimo, viro a mesa
dou nó em toalha cor de vinho
roxo, rubro, cor de sangue pisado
ou poesia de Gregório de Matos
incógnita, de fato, é a fantasia
cujos beijos passados
nem a pássaros alimentaria
tela tangerina
meninas de 40
meninos de pipa no ar
bambeia a corda nessa brincadeira
dou voltas sobre a cabeça
com a toalha na mão
quase caio, ainda bem, abaixo
a fogueira não está acesa
na tensão reduzida
a corda suporta melhor
o que incide sobre a gravidade do próximo dia
equilíbrio e suor, amor em banho-maria,
grave mesmo é ficar sem poesia
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
ROSA DOS VENTOS, TEMPOS E ESPAÇOS
Se soubesse quem és, perguntaria
O que de mim seria, e qual sereia tu seria?
Saara meia noite dentro de mim
O que sou eu neste pesadelo perdido com fome
Olhando para tí nos hotéis de Dubai
Arábia, quem te diria, em teus manuscritos
Que nada me diz, hoje me diria
Que dança no céu os faraós com os califas
Com a rosa dos ventos nos cabelos ao sons da mansa brisa
Para o sorrir desta sereia que esta noite possuiria
Que horas são?...eu saberia de Dalí não terretesse
O tempo, mas assim me perderia
E não seria quem sou hoje, sem tempo nem espaço
Onipresente na tentativa diária de poesia
Me guia então mulher,rosa dos ventos, tempos e espaços...vazios
REVISTA VIRTUAL CARIRICULT
(clique o mouse na tela para passar as páginas)
Mais uma forma de divulgar e guardar a nossa produção aqui do blogger. Dê uma espiada no enderêço que segue e visualize em tela inteira (fullscreen) e mande-o (o enderêço) também no e-mail para os seus amigos. Aguardo sugestões!
http://www.slideboom.com/presentations/24346/cariricult-out2008-S
O AMANHECER - Dedicado a Socorro Moreira
O AMANHECER
( Dedicado a Socorro Moreira )
Flutua no ar por entre grãos de poeira
um tênue e belo halo luminoso
traz nas suas asas o espectro do dia que começa
Alma inda pequena e sorrateira que teima em nascer
e desfaz de forma inexorável a névoa silenciosa
das manhãs...
Minha alma enche-se de perfumes e encantos.
fitos no verde infinito das folhagens
olhos famintos devoram as ondulações das cores
em formas geométricas imprecisas e translúcidas
Do Tecido azul e irregular
gotas brilhantes escorrem
para se desmancharem em poesia
que eu recolho em baldes pelo caminho
Sinfonias de azul e vermelho escarlate
ostentam-se já no horizonte.
Nada falo. Nada penso. Que há para dizer ?
A vida pulula em toda a pradaria
em cada gota de néctar
sem que os homens a percebam
Espetáculo multicor de mundos diversos
habitam minh'alma
e ante tal selvagem beleza, humano já não sou
Na impessoalidade, foge-me o espírito,
e me transporto pelo raio de luz inerte,
apenas descrevendo e perscrutando o universo
- de quem já não vive... -
Dihelson Mendonça
.
domingo, 26 de outubro de 2008
Res, non verba!
Crato, cidade da cultura e uma das de maior importância histórica no cenário do estado. Assim comumente nos é dado o mel dos elogios de um favo que também tem vespas. Estamos em 2008, em um período histórico de evolução científica e tecnológica nunca visto antes e ainda assim (como em quase todas as outras cidades) conseguimos a proeza de desenharmos na face social as maiores desigualdades sociais possíveis sobre a maquiagem falsa da democracia. Não somos uma democracia e tampouco estamos caminhando rumo a ela. Os investimentos em educação por parte do governo são escassos e muito aquém da demanda. Por outro lado a “educação” privada não tem tempo para educar ninguém, pois está ocupada em formar em cada sala de aula mais uma leva (de canalhas) para sustentar a máquina capitalista. Nesta mesma escola temos a projeção do que seja a vitória para cada aluno. O “ter” é a coluna que sustenta e é perpetuada nos centros educativos, sendo que os mesmos, no vastíssimo conteúdo histórico e filosófico que é (ir) responsável, agem rezando um credo de uma mudez absurda a respeito das maiores chagas que nos aflige. Então o “estudante” que sai “preparado” de uma escola hoje em dia (que por sinal, curiosamente muitas são ditas católicas) é aquele que é capaz de ignorar todos ao seu redor, todos os conflitos que o cercam, alienado da própria história, cultura, valores etc., e pode entrar nos cursos mais concorridos para poder, como ainda dizem: “ser gente” (sendo que até agora não são!).
Infelizmente a educação é sim a base de toda uma sociedade. A educação não é feita apenas nas escolas e é a partir disso que vemos a raiz de várias falhas que ferem a sociedade atual. Temos uma “cidade da cultura” bonita, mas o câncer da educação falida nos corrói a cada dia e ainda estamos preocupados com os olhos verdes da “Princesa do Cariri”, ou com sua maquiagem de carmim e pó de arroz para dar-nos um aspecto saudável tentando driblar a anemia gritante que nos aflige, muito bem harmonizada com o câncer anteriormente mencionado. Como um erro decorre do outro, num círculo perpétuo damos continuidade a tentativa de resolver os problemas subestimando-os ou falsificando verdades por medo de enfrentá-las.
A arte no Crato e no Cariri de uma forma geral tem seu céu e inferno entrelaçados. Grandes artistas e antes de tudo, grandes homens sustentam o Cariri como berço de uma cultura riquíssima, que representa de forma extremamente competente nosso nome em qualquer local do mundo, mas que, por estarem num deserto infernal, sem apoio, sem serem levados a sério, sem terem para melhor projetarem seus trabalhos uma política culturo-educacional que viabilize a recepção dos mesmos, estão a andar pela cidade como fantasmas, falando uma língua estranha e muitas vezes ridicularizada por não falarem do ganho imediato, na venda do trabalho, na arte como capital. Paralelo a isso estes mesmos artistas que fazem arte com um amor incondicional e que não teria sinônimo melhor do que heróis para classificá-los, têm que comer, beber, vestirem-se, divertirem-se e viverem.
Então meus caros, confessar que uma cidade que se diz “Princesa” ou” Cidade da Cultura” e que ignora no aspecto artístico-cultural (sendo que temos ainda inúmeros outros a serem colocados em pauta) de forma alienada e preconceituosa e dando sim, ouvidos e corações a afirmativas que lhe fazer ser gente de acordo com o que tem, que ouvem como missas “Quem quer comer minha piriquita?” ,“lapada na rachada” ou outra centena de bizarrices pseudo-musicais está no mínimo embriagada de uma prepotência nunca vista antes, cega e dando risada da situação. Artistas como Telma Saraiva, Divane Cabral, Padre Agiu de uma primeira geração composta de tantos outros nomes, além de uma outra decorrente desta que fez e faz milagres diariamente como Abidoral, Cleivan, Pachelly e outra centena da minha geração que se atira no mesmo páramo, são ignorados mortalmente pelas escolas, pela secretaria de educação (que em minha opinião é uma piada), salvo a secretaria de cultura que mesmo deixando a desejar em muitíssimos quesitos, vem trabalhando de forma nobre para tentar minimizar a situação e veicular o trabalho destes artistas.
Então resta saber até onde a presente situação vai ser levada como normal? Até onde vamos achar que um mês antes de expocrato vamos nos dar conta da vergonha que somos nesta sociedade elienada, bestificada, passiva e inconseqüente? Nosso referencial é por alunos dentro de salas de aulas e faze-los, quando muito, um sujeito esforçado para ignorar o próximo em prol de seus ganhos? Onde os “lisos” são motivos de chacota e não de compaixão, onde os “feios” devem moldar-se para o repouso das retinas julgadoras, onde a arte é a vazão para os instintos mais primitivos? É, pois necessário que nós, ditos artistas, façamos coro frente a situações como esta. Estamos muito bem acomodados cá escrevendo sobre a sombra de nossas sancas enfeitadas, ao som da rádio chapada do Araripe, gozando do que nos foi adquirido por esforço ou talento ao que se diz respeito à arte e cultura. Mas a nossa própria arte pode e deve ir muito além daqui. O Carircult e o Blog do Crato abriram-nos muitas portas e os agradeço pelos contatos que hoje cá estabeleço com os demais membros, mas está na hora de chutarmos a nossa própria portas para que a arte cá produzida possa ser vista e isso não se faz apenas escrevendo aqui. É urgente que o CaririCult e o Blog do Crato tomem a frente medidas para que o que tanto bradamos aqui tome corpo na sociedade e que os artistas do mundo, não andem em sua própria terra como extra-terrestes.
Minha menina jesus que nasce quando quer
Minha menina jesus criadora do mundo e da polícia
Minha menina jesus armada até os dentes como se preciso fosse
Minha menina jesus criada feito bicho entre os bichos
Minha menina jesus fumando maconha meio dia em ponto
Minha menina jesus rindo dos super-homens
Minha menina jesus amaldiçoando os violões de doze cordas
Minha menina jesus de mini-saia vomitando fliperamas
Minha menina jesus apalpando os ovos de qualquer presidente
Minha menina jesus dizendo que não tem nada a ver com isso
Valei-me
Valei-nos
nus
sábado, 25 de outubro de 2008
Multi-blog e companhia
SALIVANTES
Entro em vocês
Pelos ouvidos
Entram em mim
Pelos ouvidos
Nessa transa
Podemos ficar
Horas a fio
Tão sensual
Chega a ser banal
Mais que isso
Tanta penetração
Não resolve desejos
Desperta um gigante
O EU perfeito ao alcance
De qualquer um de nós
Espécie de amor,vou segui-lo
Ser melhor do que sou
Entramos um no outro
E foi pelos ouvidos
Encontrando meios
De fazer bem feito
Esse descompromisso
XADREZ
Olhos lançados nos meus, partida aberta neste xadrez
Olhos, recíprocos olhares nesta teia de desejos
Bispos à frente, à frente cavalos
Desejo e cálculo, um de cada vez
Tez de menina, ar de egípcia, arte e mistério
Guerra no palco, centro em jogo
Império em crise.
Não há quem já visse este teu cor(e)ação
Robro em desejo, ensejo de vidas e mortes
No bojo de cada relação.
À frente as bases, enlaçam-se as torres
E delas enfim...do alto apanho teu coração.
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
Alexandre Sales fará palestra sobre Geopark Araripe em São Paulo
Alexandre Sales, ex-diretor do Museu de Paleontologia da URCA em Santana do Cariri, foi um dos implantadores do Geopark Araripe, juntamente com os professores Gero Hillmer (da Universidade de Hamburgo, Alemanha) e André Herzog, ex-reitor da URCA.
Peles
Semana passada, Zenildo chegou em Matozinho e montou, como sempre, o escritório numa das dependências da Botica de Janjão Cataplasma. Para lá peregrinaram muitos matutos com couros para serem classificados e vendidos. Zé Capivara , uma das línguas mais afiadas de Matozinho, fazia a limpa de um pequeno roçado no sopé da Serra da Jurumenha quando viu Saturnino Cafimfim todo fiota, passando na estrada com um couro enrolado, embaixo do braço. Não se conteve:
--- Ei Cafifim, pra onde ta se botando , homem de Deus ?
--- To indo pra Matozinho, vender este courinho de um veado que matei mês retrasado... A coisa ta preta, uma seca danada... O couro tá inteirinho e acho que dá primeira...
Tardizinha, Capivara deu com Cafimfim fazendo o caminho de volta... apenas menos entusiasmado do que na ida, com um ar de Sá-Marica-Comeram-meu-milho.
--- E aí, Cafimfim, negociou o couro ?
--- Vendi, vendi, só que o rapa de sola do Zenildo classificou o bicho como terceira, só por causa de uns furinhos de nada de chumbo de soca-soca... Atrás de pobre corre uma onça, não apurei quase nada...
Enquanto Cafimfim desaparecia , cabisbaixo, na curva extrema da estrada, Zé Capivara murmurou entre dentes:
--- Ora, se nem o couro desse povim de Matozinho dá primeira, quanto mais couro de viado...
À noite , Zenildo estava estabelecido no Cabaré de Maria Justa, mais alegre e solto que pinto em monturo. Aquele dia , historicamente, era muito especial: aniversário da mais querida e reverenciada cafetina de Matozinho. Festa para varar a noite e furar as tripas da madrugada. Lá já estava, a postos , a orquestra sinfônica de Matozinho: o pé-de-bode de Geracino pandeiro de Tiê e do zabumba de Tiziu. A casa se encontrava completamente repleta. D. Maria Justa , radiante, envergava um longo cor de jerimum, cheio de penduricalhos por tudo quanto era relevo. A maquiagem, carregadíssima , faria inveja ao Carequinha. As meninas , espalhadas pelo salão, com seus melhores e mais farfalhantes vestidos, sorriam sorrisos menos artificiais do que os do dia-a-dia. A dança rolava solta no salão principal, com a liberalidade e a soltura imprescindíveis ao roça-roça de corpos. Zenildo, um dançarino do melhor jaez, sabia bem a regra geral: todo bom dançarino aprendeu sua arte no cabaré.
No melhor da festa, por volta de uma hora da manhã, todos mais melados que macacão de mecânico, Feitozinha do Correio entra na Boate à procura de Zenildo. Encontra-o descansando em uma mesa, entre uma e outra dança, com Das Virgens acomodada, sensualmente, no seu colo. A entrada de Feitozinha , àquela hora, jogou uma ducha de água fria na fervura do ambiente. Todos pensaram no pior, principalmente quando viram nosso carteiro entregar um telegrama, nas mãos de Catonho, chegado há pouco e lavrado em código Morse. A orquestra parou, os bêbados fizeram um minuto de silêncio , enquanto Zenildo desfolhava o telegrama com ar algo preocupado. Conteve-se ao ler as palavras encaminhadas por sua mulher:
“ Mamãe teve um colapso PT Morreu hoje PT
Abigail”
De repente, nosso curtumista fitou a todos e com um sorriso nos lábios, e concluiu :
--- Não é nada não, pessoal, só cotação de couro de bode ! Toca a festa Geracino !
Sítio Fundão será reestruturado
O patrimônio ecológico Parque Estadual Sítio Fundão,
Rita Célia Faheina
limpo
enquanto mergulho no meu desconhecido
extrair pérolas que meus olhos nunca viram
pois olham do rosto pra fora agora
as mãos só pegam no que é palpável e o abstrato
Ah, o abstrato é um lugar mágico que preciso ir
auxilia...poupa...esclarece...zela
enquanto mergulhas no teu desconhecido
a origem das guerras é causa sempre íntima
as juras de amor enquanto verdades inescrutáveis,
parecem cínicas, cínicas...
quinta-feira, 23 de outubro de 2008
Janela do impreciso
UM AMOR PARA A MOLDURA DA JANELA PARA O IMPRECISO
lembro do abismo que dissipa,
no momento ainda sólido,
do varonil amplexo sucessório,
e tu com os olhos de luz,
sobre a escuridão da morte.
quando o sangue do luar poluído,
lancetava todas as realizações materiais,
e nos átomos da alma esfarinhada,
tudo era nada e isto apenas o que era,
nem uma metáfora por remédio.
lembro que se os limites fossem ultrapassados,
todo o medo se tornaria substância inerte,
nenhuma vitória se queixaria do esforço dado,
o acúmulo capital apenas líquido pantanoso,
e tu me abraçaria como pela primeira vez.
quando a exuberância da nova experiência,
deslembra o tédio das repetições,
e da cratera o fluxo piroclástico nega tudo,
do mais simples fonema de espanto,
ao mais completo discurso sobre a humanidade.
lembro quando teus abraços deram permanência,
e pelos beijos fluíram jatos de futuro,
deixando formas físicas nos espaços,
versos de amor no substrato da subjetividade,
e hoje tênue como sempre é a vida.
quando imprecisa é a linha do tempo,
sujeita a trovoadas de interpretações lembradas,
assim como irregular é o espaço,
para estes troncos e membros frágeis,
e mesmo assim sabemos da eternidade.
O SOL É UMA EXPRESSÃO EXCLUSIVA
Na convicção que nasce todos os dias, a morte é certa como o sol. Os poetas, os músicos e os pintores cultuam o sol, apesar deste não fugir à ordem. Acontece que o sol não é mero trajeto a se repetir, ele é expressão única. E os artistas cuidam dos fatos e paisagens especiais, que acontecem uma só vez.
Manoel Baptista Vieira
Decifra, de pé, numa vereda fechada, algo mais complexo que os sons do sertão. Parado, um silêncio interior igualável ao zen, só que não se aprofunda em si próprio, mas no vasto exterior da caatinga do Gravatá. Um chocalho, seu badalo especial; um mugido, sua rês procurada; um canto de graúna, seu mundo especial. Manoel Baptista Vieira é tema para uma verdadeira metafísica.
Aqui compreendida como a filosofia do Ser. Do ser em si. A lapidação completa de todas as incrustações estranhas à sua matéria. O substantivo apenas, sem qualquer adjetivo ou verbo para pô-lo em movimento. Uma vez encontrado Manoel Baptista Vieira em sua essência, toda a metafísica se confunde. Pois nesse núcleo há um aleph do tempo, assim como as terras áridas do Ceará.
Então Manoel Baptista Vieira é decifrável, compreensível, mas esta tarefa não é para qualquer dom. É preciso compreendê-lo na extensão do Deus que ele cria; nas dobras do humanismo greco-romano; no discurso que a língua culta faz; no riso que antecipa o chiste ou a piada; no sonho de realização que uma grota promete em água represada; na vaca que vem ao curral para o leite da vesperal; no bezerro perdido nas pedreiras da Lagoa da Besta. Manoel Baptista Vieira é como o sol para os artistas. Uma ocasião única do manifesto do universo material que nós todos somos.
O Sol e a morte d e Reginaldo.
Reginaldo, 34 anos, ponta esquerda do CRB - Clube de Regatas Batateira, na cidade do Crato, no Ceará, morreu após dar vitória ao seu time. Uma multidão assistiu ao seu enterro. O jogo entre o CRB e o Beira Rio terminou empatado no tempo regulamentar. A decisão passou para os pênaltis. No último lance dos pênaltis ainda estava indeciso, restava uma oportunidade para o CRB.
Os companheiros de time procuraram Reginaldo para honrar o último lance. Ele recusou-se, não gostava daqueles momentos e decisões. Afinal pressionado ajustou a bola na marca do pênalti. O público em volta silenciou. Era a conclusão, num único chute, de mais de noventa minutos de centenas de jogadas e vôos da bola.
Reginaldo disparou a bola no peito do pé e uma linha de espaço entre a marca do pênalti e as traves de gol foi alterada pelo movimento da alma humana. A bola infalível atravessou o vazio entre as mãos do goleiro e as traves, interrompendo-se somente nas malhas da rede. Os torcedores gritaram de alegria, os jogadores amigos abriram largos risos e no rosto dos adversários escorreu um magma de amargura.
Sob a sombra de uma árvore, Reginaldo pediu uma pedra de gelo. Precisava congelar o fogaréu que tomava conta do seu peito. Transferindo seu próprio calor para o gelo, Reginaldo repetia o que sempre fizera nas contusões do jogo. Naquele momento a bola devolvia-lhe a energia de seu próprio chute, como que se tivesse rompido a rede do gol e no coração de Reginaldo se encaixasse.
Como o sol: um momento especial.
ABIDORAL JAMACARU e o: "BARBARA" O Menestrel do Cariri apresenta o seu novo trabalho musical.
“BARBARA”, assim se intitula o mais novo trabalho de Abidoral Jamacaru, que presta justa homenagem a heroína Dona Barbara de Alencar. Neste terceiro trabalho Abidoral mantém-se coerente aos seus princípios musicais. Contextualização literária atualizada, arranjos trabalhados sob a sua supervisão, sempre com propósitos inovadores! Novos parceiros, novas roupagens nas músicas de outros autores.
“ Abidoral é o mesmo, renovado, como o sonho que ousou iniciar ainda imberbe e não deixou de sonhar homem feito com a prata da barba e do cabelo, seu sonho de Mateus e nos acordar com seu canto brincante”. Trechos da apresentação que abre o encarte sob as palavras do consagrado cantor/compositor: Chico César.
Ficha técnica:
- Gravado em padrão digital no estúdio: IBBERT-SOM
- Produção artística e executiva: Abidoral Jamacaru
- Direção musical: Lifanco
- Assistente de produção: José Flávio Vieira
- Projeto gráfico: Reginaldo Farias
- Foto contracapa: Pachelly Jamacaru
Mixagem e masterização: Abidoral, Lifanco e Iberteson Nobre
Como adquirir:
Breve nas lojas da cidade ou em contato com o autor:
Fone: 8811. 0195
Endereço de Abidoral: Rua José carvalho 247,
Centro Crato-Ce
63100.000
Foto: Pachelly J.
Dom Pedro II e a fotografia
Pouca gente sabe, no entanto que Dom Pedro II tinha verdadeira paixão pela fotografia. Em 1839, o “Diário do Commercio”, do Rio de Janeiro, noticiou a invenção do daguerreótipo (imagens obtidas com um aparelho capaz de fixá-las em placas de cobre cobertas com sais de prata), primeiro aparelho a fixar a imagem fotográfica, também o primeiro processo fotográfico reconhecido mundialmente, criado pelo francês Louis-Jacques Mandé Daguerre. Somente no ano seguinte seriam feitas as primeiras fotografias.
Dom Pedro II adquiriu o primeiro equipamento fotográfico em março de 1840, ainda adolescente, alguns meses antes desses aparelhos serem comercializados no Brasil. O jovem Pedro II completara 14 anos no dia 2 de dezembro do ano anterior, e foi o primeiro brasileiro a adquirir e a utilizar um equipamento de daguerreotipia. Teve início aí uma coleção de fotos raras do Brasil que permaneceu guardada por 110 anos no arquivo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. A percepção da importância que a fotografia viria a desempenhar no futuro, em todos os segmentos da vida humana, fez com que Dom Pedro II se igualasse à Rainha Vitória, da Inglaterra, na concessão de honrarias aos praticantes da nova técnica.
Quando foi expulso do Brasil – pelo golpe militar de 15 de novembro de 1889 – Dom Pedro II doou à Biblioteca Nacional quase trinta mil fotografias do seu acervo particular. Essa coleção recebeu o nome da Imperatriz Thereza Cristina Maria. A maior parte do acervo ainda não foi totalmente examinada, mas a coleção já se constitui na mais importante memória visual do Brasil. São informações científicas, históricas, antropológicas e culturais constituídas por fotografias, retratos, óleos, xilogravuras e litografias, que revelam não só as imagens do Imperador e de sua família, mas os grandes temas do século XIX.
Em editorial datado de 15 de julho de 2007, o jornal “Estado de S.Paulo” publicou: “A História, observa Aron, exprime o diálogo entre o passado e o presente. Neste diálogo o presente retém a sua iniciativa. Neste momento da vida política brasileira, de tantas decepções sobre condutas públicas, é um ingrediente de esperança saber que um chefe de Estado (o Imperador Dom Pedro II), durante quase 50 anos, conduziu com integridade, virtudes republicanas e sincera e zelosa paixão pelo Brasil os destinos nacionais”.
A Voz da História já está fazendo justiça a Dom Pedro II.
Armando Lopes Rafael
Uma Palhinha do que vem por aí...CD A BUSCA DA PERFEIÇÃO
Olá, Pessoal,
Enquanto eu resolvo as últimas gravações para o CD "A Busca da Perfeição", e o encarte, um trabalho conceitual, trago aqui algumas prévias para matar a curiosidade. Música pra mim, tem um sentido amplo, e o verdadeiro músico deve brincar com os sons, como os pintores brincam com as tintas. Música verdadeira é a própria vibração do cosmos, está em tudo e em todos, e não deve se limitar por padrões de tempo e espaço. A música mais sincera é a que o próprio universo produz. Há música nas pedras, no vento, na água corrente, no canto dos pássaros e na voz das pessoas.
Primeiro Exemplo:
Trago aqui um exemplo de como há música em tudo que existe.
Qualquer pessoa falando, eu ouço música, acordes que se combinam matematicamente. Ouça a voz natural do depoimento da Sílvia Bezzato, e em seguida, o que eu ouço quando ela fala. Aconselho parar o player da Rádio Chapada do Araripe primeiro, para evitar ouvir 2 sons ao mesmo tempo ( Foto da Sílvia Bezzato por: Dihelson Mendonça ) :
Segundo Exemplo:
O CD trata de muitas coisas. Há mais de 30 faixas, e mais de 50 páginas no volumoso encarte. Uma das montagens mais interessantes que eu fiz, foi brincar com a voz de Abidoral Jamacaru e seu "Discurso", para um RAP meu e dele que eu chamo de "É só você que Pensa/O Discurso", em que debochamos das pessoas que se acham...e que pensam que somente elas é que pensam:
Terceiro Exemplo:
Poemas Musicados. Eis um dos inúmeros poemas musicados no CD. Este, do Glauco Vieira lido por Stephanie Pontes. Pintura de Renoir. Cada música reflete o clima do que o poema fala, e procura de forma harmoniosa integrar-se. Eu não acho que em música seja preciso fazer uma música ou letra em métrica para que os dois possam combinar. O que fiz foi construir a música à medida que ia ouvindo o poema e as sensações que ele me evoca:
O Encarte e a Arte:
O Encarte está sendo feito de forma primorosa, como se fora um Livro de Arte, em excelente papel fotográfico, com cada composição e parceria poema/música ocupando 2 páginas, esquerdo e direito, com as fotos das pessoas que participaram e a belíssima arte de Reginaldo Farias, que tem que se desdobrar e apresentar arte para mais de 50 ou 60 páginas do maior encarte que vc já deverá ver. O Encarte será do lado de fora doCD, e os dois, dentro de uma caixinha de papel volumoso, em formato de estojo. Assim, pode-se desfrutar do Livro, das fotos, da Arte e do CD de forma independente. É bom ressaltar que o CD tem o patrocínio exclusivo do Banco do Nordeste do Brasil, BNB, sem o qual, não poderíamos realizar um projeto dessa envergadura.
Abraços,
Dihelson Mendonça
Patrocínio exclusivo: